terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Para Pamela

Vejo hoje o fim desse novembro
Efêmero, compasso em relento, desprendo
Dias através dos sonhos meus, e um amor que brota amizade
Uma linda luz que vi surgir, ninguém mais que ti

Um anjo da simplicidade
São o por-do-sol e raras moradas, excentricidade
E o que são cidades, o que são idades?
São letras nas cartas, números sem falas

Eu sou um cão e um gato, vivo o mundo abstrato
Querendo ser negativo e vivo retrato
Ser um todo de menino afim de buscar seu cabelo em fitas
Nos jardins idealizados de seus deuses, e na fome que vaza das tripas

Busque o silêncio como uma princesa da selva
Olhos abertos, enormes sobre o mundo
Tens todo amor, dom maior e mais profundo
Se fez estrela em minha vida, brilhante de uma forma que pra sempre

Minha intocável irmãzinha, paixão de menina atrevida
Estou numa madrugada onde não bate o tempo
Fixas idéias em que sou o vácuo de meu templo
E você um leite morno, que mãe alguma traz mais doce

Não és uma em um milhão
Ès uma em todos os tempos, o deus em vão
Há um mundo que você não supõe, acredite
Mas o que fica são os sonhos vividos, imaculada afrodite

Por cada gosto de fruta em sua boca
E sons que te fizeram dançar, momento maior, alma solta
Cada sono abandonado, cada ilha que chegou a nado
Cada noite, cada sol, um passarinho de sua infância, e todo amor de namorado

Nada virá a toa, haverá calor e mais sabor
Ainda que garoa
E nosso tempo já voa, desse tempo de se encontrar em clarões
Virá a vida boa, e serás a primeira a saber que felizes

Ficamos, todos nós, ao ver que um dia, todo céu se abraçou
E a nova amiga é a Pamela que o Teo achou
Uma única razão que se basta
Pra viver feliz

Acabou




Te amo, amiga linda. Beijos pela eternidade!
Teo

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Daquele Azul

E já não importava mais no que daquele
Azul que vinha o céu
E no seu tempo de contar em fases, loucuras tenazes
Doçuras, de passatempos do que seremos

No rever dos dias que sabemos
Da sabedoria de fechaduras, de dormir em dor aguda
Mais que luz menina pura, pois de seus timbres
Saem vestes que me atingem

Por um sabor, de desenhos construídos de pavor
Pois tanta e fervente dor
Que permanecem em festas

Subvertem maneiras, se entr'escapam por todas frestas
Mas... me lembro
Qual saliva venera a vista, modesta



12_2008

Te Esfarelo-me

Na sua situação eu não teria qualquer hesitação
Na sua idade não teria qualquer piedade
E tal face, tal elo, qual belo, já fascinante olhar seu
Que forma o rosto singelo

Mas sua boca, de última infância
Tem bolo,e se sai bela, onde não haja sido vista
Toda suja, e de pães que tu tornas
Farelo...

O Barco

No meu barco
Desenho um arco
Há uma preguiça fina
Nesse vento fraco

Os desenhos se fundem
E pensamentos eclodem
Dois versos e um risco, se movem
Me seco no salto intrépido das nuvens

E cada imagem que forma um rastro
Me guia marejado, e da popa que fiz, já vem um mastro
De uma bolha de meus sonhos surge cativa
Você, cabelos no vento, simples alteza, formosa bandida

Destrói tudo que criei
O verso engasga
A aquarela, tão bela vela, se rasga
Por ti foi o mundo, e já nada sei

Meu barco afunda
Num minuto minha vista inunda
Foi-se o amor nas cínicas águas turvas
No fundo do mar encontra-se meu barco

Um baú que vive aberto
Cheio de água, só que vazio de coisa alguma
É vácuo, no máximo casca
E sinto um calor, que no peito retumba


23_11_08

Vapor Contrátil

Vida é pouca
E a fibra
Já rouca

Todo beijo, toda boca
Todas as noites que juntos,e num quase nada de roupa
Bebemos e damos de beber aos nossos corpos

E não importa
Guerras, enjoos e destroços
Ainda que seja pouca a vida

De puros e excessivos remorços
E o que fica depois?
De quando nada mais houver
A se dizer

Humanos em seu próprio vácuo
Contrátil, Portátil
De nosso calor versátil

Nada ficará
Só esse deus, que eu não acredito
Curtindo depois de todo mundo

E o azul...


07_10_08

Vestido de Joana

Pois te toco as mãos
E pôe-se a rodar
A coisa vista mais bela
Joana com seu vestido

De flores amarelas
Travando o mundo
Até o sub-mundo
E o terceiro mundo

E eu acho que até todo o mundo
Mas eu, não consigo simplesmente
Deixar...
Te ver passar

E não querer
Perfeita ela, toda ela
Julgou ser minha dona
E agora...

Entre nunca mais e agora
Me beijou
No meio da noite é lindo
Ver o dia nascer de fininho

08_12_08

Vestido de Dezembro

Surge isento
Lépido, cético
Seu vestido... pela rua
Já o trouxe, dezembro

Me esquivei de quem vinha
Já passava prum nervoso comedimento
Sem talento
Troquei de calçada e nem percebi

Foi um encontro e um lamento
Barcas n'água e ferrovias me dirão
Tão tolo, se furta em núvens
Sorrirão às gargalhadas nas madrugadas pelo Rio

Ela dobra a esquina, e você se move
Corre, controle, senão some, qual o nome?
Seu jeito, é pura dança
Mas em ti, o nada é tudo

Que me alcança

Onde se esconde?

Não há nada nessas ruas neste exato momento
Nem há nada pelos campos e praças
Nada nos casacos, nada nos teatros
Umas rápidas imagens, nessas telas-bobagens

Há um mundo de ferragens, e um mundo das paisagens
E cada naufrágio faz um recomeço
É como na infância acreditar no desejo
Sem saber que se pode errar

E sem mágicas ou regras pra vida
Mas...Quando é meia-noite, bate em mim meio-dia
Eu acordo em meio a multidões nas tardes
E já não vejo onde se esconde
Maldita arte, covarde

Agosto de 1985

Final do mês, mês de agosto, do ano de 1985
Saiam duma ditadura intoxicante os jovens desse país
Do Brasil cinzento, de sombras, amargo momento
Era ainda o rompimento, do que seria um novo tempo

E entre rodas de violões e peças de teatro
Floresciam novos argumentos, libertava-se um brasileiro nato
Nesse fim de mês, ao fio do inverno, no meu recato
Fui sair do frio eterno de não existir

Em parte um plano
Um todo abstrato
A barriga de mãe é um portal de mundo
E me fiz nesse hiato

(11-09-08)