segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Se Prepara

Não há melhor momento para uma notícia do que
O quanto mais perto ela estiver de seu acontecimento
E se quando ela aparece, de uma bruma, assim que amanhece
É um corte fundo, temos um problema em Abril, o ano de 64 não vai nada bem
Acontece... é meio que um não pensar, surgiu o dia, o Brasil estremece

Vida transformada assim, o todo fica encolhidinho
As músicas sublimadas, engessadas na brancura suja da caverna
Complicadas parar virarem hinos, e os hinos nas marchas-camadaras
Se olham, velho e filho, com realidades unificadas.
Tantos voos pra fora do país, e nenhum nos levaram

Dona da verdade, fixa desconstrução da liberdade
AI-5 de meu Deus, numa cabeça cansada demais
Do sol que é demais cascudo nas terras deste agreste
Um bloco de mármore flutua sobre o povo
Andam se contorsendo pela culpa alheia e mútua

Mas é de causar espanto, debaixo de chuva grossa, desse pranto
Somos nós povo que se veste, foge, urra, se esquece
Fevereiro tomamos de volta toda música e rua que coubesse
A máquina dos generais, lá por trás, planaltos acima
Finge que nos conhece

E como nunca, de um jeito estranho, mudo, surdo, seu povo Brasil
Faz de encontros abraços, há anjos e loucos nas ruas
Os grã-finos se beijam, o povo do morro desce
Com sal nos corpos, riem, sorriem, se curvam, reamanhece...
Não se usa estresse, o sambódromo que ainda vai existir

E os novos baianos saem da tese, reverberam carnaval
Misturam-se qual som que se preze
Fazia o mesmo calor de hoje em dia
Mas aquela foi a velada abstração que podíamos
No inignorável grito de tua lágrima que desce

Esse amor, coisa que não se explica, suas cores auri-verdes
Que a tantos simboliza
Ali guardou momentos cinzento de evasiva paz
Em domínios delicados por demais, sob duras penas
Arrastou pra euforia tal moça e qual rapaz

Se largaram na folia, envoltos de amnésia-fantasia
Libertária primazia, acordaram sem chão
Na quarta-feira de cinzas e azia
O ano começa no jargão, retomemos ao trabalho
Segue escravo o Brasil diário

Liberto na música, prisioneiro involuntário
Socorro pede o maquinista ferroviário
Ajuda, suplica o motorista, eu boia-fria virei um coitado
Minha história se confundiu na grande cidade
No pequeno país que somos, individual ingenuidade

Em pandeiros se subverteu o estabelecimento
Do regime, ou se diria, daquele crime
Que agora ninguém cometeu, mas que em sua época
Era líder e se faziam reverências
Minha mãe e pai viveram isso, e por isso

Eu cuspo no seu parágrafo de palavras vazias
Brasil que ainda hoje
Que ainda dorme!
Acorda e se levanta
Pra vida!

Leva seu filho e filha
Pra escola
E se prepara
Para entrar
Na avenida!



18/9/9

sábado, 5 de setembro de 2009

Tudo em Ti Que Terei na Vida

Contrapartida de teu mundo, contraditório ocidente
Constrõem máscaras, música e livro
Ausentam o que se sente
Foi tanto tempo, tudo invenção, coisa de amor
Mas que é de mente

Não releia agora, não viva, não tente
Só te confundo, por que acho que combina
Tais escolhas minhas, com sua demora
E te escrevo de agora, por lhe ter
Ainda não no presente

Mas em um lugar que irá me levar
Embora súbita comparação de tudo
Que não entendo
Com teu lugar no futuro
Meu domínio

Seremos o tempo trocando palavras
E os rumos
Por anticópias de propostas que não li
Transformarei de tudo um pouco
Do mundo que vivi, que escondi

Pois foi tudo
De erro cômico
A acerto irônico
Que não correspondi

Passo por luzes que clareiam as tardes
E teoria sem dúvidas tristes
De tão covardes

Foi o mundo que eu abracei
Floreado de filas, de complexas maravilhas

De amigas e de tudo em ti que terei... na vida