sábado, 27 de junho de 2009

Liberté

Vivo
Não que eu esteja entendendo
Mas vivo, mais por me fazer
Do que pelo o que acabo sendo

Neste momento me pego atento
À esta infinidade, meu cotidiano
Nesta São Paulo, metrópole de nome santo
Na Curitiba, em que estou me levando
No Rio, de pai e mãe me esperando

De meus olhos
Vista seca e convícta
Que me firmo em Brasil
De Guanabara ao Guaíra
Passando pela Paulista

Me amo brasileiro
Conforto miscigenado de um país inteiro
Ao morrer, terei meus dias
Pra te dar, país meu

Coberto, por meu peito aberto
Eterno, meu avô, pai, filho e neto
Meu inverso, terminal fronteira do universo
Seus poucos cientistas e poetas

Seus contornos atlânticos e amazônicos
Pampas, carroças, inédito Pantanal
O Sertão, nada mais nordestino
Amor que não se evita, indefectível armadilha

Para alguém como eu, indiozinho pós-moderno
E todos meus sonhos de menino
Igualité meu carnaval
Liberté me cubra em manguezal
Haja fraternité na falta de moral

Lisboa que seria do Brasil
Se amanhecesse no Senegal

Estrameço na babel que é meu berço
Envelheço, no piscar de olhos, em segredo
E me esqueço, do que, suposto, deveria ser



23/06/09

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Minha Cidade

É onde estou...
Esta cidade não tem nome
Não lhe deram, pois não lhe coube
Tem agora vinte ou trinta habitantes
Olho para eles, me encontro, não há mal assombro
Os escuto como um menino novo, que se assusta com todo tombo
Eles falam como eu desejo falar, escrevem e contam de novidades do mundo
Fazem existir essa cidade, e vejo que agora , moro aqui

A cidade esta enchendo, crescendo
Se estou surpreso? nao, nao por isso
Eles vao chegando e a cidade esta ficando bem cheia
Somos e me sinto como eu uma taba, um oásis, uma aldeia
Esta mesa grande que há no centro tem braços elevados por todo o mundo

Escuto historias e vejo caras, que nesse momento entendo, são o meu destino
Subitamente, por acaso, vim parar neste macrocosmo pequenino
Coberto de vontade, dúvidas e curiosidade, vou ficar no meu canto, aprendendo
Com os maiores, seres já fortes, o que eles vieram me contar
Completarei meus dias fora daqui com saudade, dessa tal cidade
Cidade de múltiplos, de um tempo sem fuso
Cidade única no mundo, sem dono e sem rumo
Cidade minha, cidade sozinha, no meio das tantas outras lá de fora
Cidade que me faz ver o que vejo agora
Cidade que nao diz onde irá sua história, estou bobo, estou roxo, nao tenho sono, me sinto teu dono
Nao irei alem do que já disse, pois cidade minha, vc ja existe, dentro de seus filhos efêmeros
Seres que nos sabemos, voltarei em uma nova, e trarei algo de ti e levar-te-ei para longe daqui