terça-feira, 31 de agosto de 2010

Comunidade

Ladeira de fuzis
Sombras, cantos
Escadas, marquises
E a vista linda
Linda...
Território tomado
Sua hora é outra
Sua vida é viva, é boa
É independente, pra muitos um todo distante
Lan houses e massas de igrejas protestantes
Polícia no pé do morro
Mudo intenso, mundo tenso
Mas também dos muitos que trabalham
E dos que fazem existir o carnaval
Amaciada por seus corpos reluzentes
Anciã comunidade, história de toda uma gente
Onde que ai sou visto
Sei que sou leve, encontro de um ninho
As casas de laje, já centenárias
Estão em todo lugar
Planeta favela que eu vivo
Só sei que a vida nunca mais foi a mesma

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Shift Até Nunca Mais

Virei uma curva
Demorei para a vida
Infidelidade tão curta
Amoras empestecidas

Quebras demoraram
Mas talvez acordem
Meninos dos espelhos
Famintas carnificinas

Entregas noturnas
De veste fajutas
A corpos escusos
De moral, ou digna saúde

Volto as sombras
Bons arredores mofados
Os tais porões entregues ao frio
Lar único do ar derrotado

Eu e o mundo que me colore
Está por virar lenda ou fábula
Território pagão, corpo irrisório
Mente de um puto cão

Traças bibliotecárias
Noivas cadáveres
Remotas amizadas
Masmorras tropicais

Lixo eletrônico
Blog, twitter, flicker, flog
Email, Gdocs, Gadgets e waps
Adormeço em Control Alt Del

E me basto

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Corpo e Alma

De 1986 pra cá eu nasci e cresci
Passei, sem peso, pelo tombo de uns muros
Pela retirada de presidente e marajás, impuros
Fui criança presente e vidrada numa Eco sem futuro

Criado num Brasil que nunca me convenceu
Que não mudou seu portais, suas escolas, favelas, seus hospitais
Cresci em mágoa engasgada
Pois vi crianças, meus pares, mendigar, vi preconceito em demasia, sem cessar

Nadei em rios, hoje mortos
Vi meu corpo vibrar em 2000
Promessas sobrepondo promessas
De um novo mundo pra se viver, de um novo lugar

Não sabia, mas estava acima de caminhos a direita ou esquerda
Estava acima da história que tios, pais e especialistas já haviam escrito
Cresci num planeta mais cinza que vocês, com lixo até mesmo espacial
Que não notamos, pois nem mesmo vemos o que permeia nosso meio natural

Acontece que hoje, to esperando um filho, filho meu
Tenho uma irmã que em breve vai nascer
Tenho icebergs e guerras religiosas ao meu redor
Tenho um oceanos de plástico, no qual me banho, sou talvez um índio só

Abaixo de minha pele, esse coração que quase rompe meu peito
Não me deixa mais descansar, não me da mais hora, não vai simplesmente parar
No mais tropical de todos os países, no mais belo cenário, me doem tuas cicatrizes
Descobri, planeta meu, lugares por onde você morre mais cedo, por dentro, ao passo lento

Tive que descer da média feita por nossa classe até os portões de um coletivo inferno
Era uma lagoa de pedaços mortos, uma imensidão de restos e nojo, um reflexo divino disforme
Era tanta, tanta morte pelos meus pés, cheiros e pedaços vindos como defuntos nas marés
Nem meu país bonito, de carnava l,nem meu verão entenderam o que era aquilo

Era eu, vivo, vivendo quando havia vento, morrendo por entre moscas, comida, plásticos, papéis
Meu corpo em meio ao lixo, o contraste de uma vida, de sangue na veia e paixão consumida
Minha fronte, em meio a extensões de nós que são imortais, nós planeta, nosso suicídio sem paz
Eu parei, eu guardei, eu não pude chorar, não pude simplesmente consertar, não era o mesmo ao voltar

Voltei um tanto mais velho, um tanto mais sério, mas um tanto a mais a sonhar
Era e não era o meu mundo, era e não era o meu lugar...
Confusa compreensão de que ali eu estava e também que tentava ignorar
Que era minha aquela terra morta, aquela morte, aquele lugar sem nome, sem sorte

Não há descrição, há chance viva de buscar entender a isso
Não posso ir e voltar e não estar agora sem dormir, sem naquele lado humano pensar
Agora compreendo metade da minha vida, outra metade deixo passar
Agora sou um homem, filho e pai, com lágrimas nos olhos e bruta coragem, que vem lutar

Desculpe aos que fiquei de visitar, mais tarde tentarei voltar
Desculpas aos que encontrarei pela frente e não terei pureza de criança para abraçar
Desculpe mãe, minhas amigas queridas, minha amada, minhas deusas, divas do meu lar
Mas to mexido, coração meu magoado, sentimento perdido, to de frente para o mundo, e o vejo totalmente destruído

Ando pelo mundo com as mãos vazias, sem armas, sou guerreiro de palavras
Estrangeiro na própria casa, filho de uma geração de uma tal farsa, de consumos de produtos em massa
Irreconhecível e frágil, menino sentimental, destemido, entendeu-se num mundo irreal
Que persegue revoluções silenciosas, dito da geração y, que nem mesmo se sabe, despretenciosa

Tendências não conseguem me atingir, como conseguiu aquela sensação aquele dia
Carrego segredos abaixo da própria pele, carrego incompreendimento, e uma dor que arde como febre
O futuro é quase que todo o mais óbvío possível
Meu quarto escuro, guarda meu canto, do qual agora fujo

To tentando achar um espaço, to vendo se me livro do peso do cansaço
Pra mim é dificíl correr tanto e terminar sem abraço
Sou entre tantos outros mais um mortal
Que nasceu livre (eu acho) com corpo e alma com gosto de carnaval



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Por do Sol

Há dias que essa tal música me canta
Para contar de meus últimos dias
Haveria dias de sol demais
Meninas que dançam, mergulhos, haveria carícia

Meninas lindas me acompanham
São leves os companheiros com quem vagueio
E temos tardes que não correm tempo ou dinheiro
E Madrugadas onde somos alheios a dor

Musicada, seriam a narrativa de nossas vidas, contagios vís
Antítese de cotidianos não gentis
Somos agora Euro-Afro-Índio e outras efemeridades que não lhe disse
Latinas felinas, soltas, meninas de metropolitana selvageria, tais as Misses de Brasil

Povo sem cara, sem rosto, povo de movimentos alegóricos, de máscaras
Fevereiro me levanta, me esbanja, me encanta
Ao fim, sem dó ou piedade, de verão que revoo mais alto num sonho forte e bom
Luzes que romperam minha varanda, Pedras que são alma para o chão

Nada, de ti, me leva
Me espero... sou criança que se reinterpreta
Menino que cresce
Moço que ama

Homem de barba
Senhor que, não só apenas, dança

Eu mesmo... em vida
Eu mesmo... em sonhos de criança

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sons de Y

Fibras óticas e titânicas
Sinapses robóticas, diletantes
Sistemas acéfalos, dominantes
Geração paralisada, pandemia ignorante

Em discursos, bares de argumentos ébrios
Conheço pouco a pouco tuas virtudes
Supra leves, de tão vazias
Tão livres, pois em ninguém habita

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Minha Forte

Vem e suga meu sumo
Toca-me vertigem
Adoça-me ao desesperar
Me humilha, ao me abandonar

Maravilha, vendo toda a vida
Num olhar de escotilha

Vem, me desperdiça
Me vende
Mas tem que bater e apanhar
Marcar

Ser o inferno e o meu bebê
Que dorme e baba

Adorar o teu imperfeito óbvio
Que me desafora
Vem, me cobre de medo
De te perder

Transborde em mim
No que eu lhe derreter

Vem, mas venha decidida e má
Me olhe, e não desvie o olhar
Dinamitando o meu ar
Vem, que não aguento te esperar

Venha, meu delírio
Sede tua, sem razão

Vem pra me assustar
Mãe dos meus filhos
Brinca no meu labirinto

Fiz todo pra ti
Venha contra o mundo

Vamos nos expandir

Sampa Nua

Tais ruas, cultura tua
Me encanta, flutua em dança
Retro-vícios, sua inanimada grua
De quem se cansa

Esperança, da fração tua
Que me alcança

Vai-te sampa de minhas solas
Contornas concórdias, implode em hitória
Contadores de tais trovas
Não me importa sua corsa-escória

Sua gente tangente
Das esmolas

Sua intrínsica doutrina
Aos Quasímodos, nati-morta
Do que ainda restou, traz-me
Um pouquinho, um quase nada

Que meu toque sentiu e gostou
E a toda prova resiste

Platônica forma de atração
Que me insiste
Vou, mas não te largo
Voo e no voo

Te vejo nua
Do espaço

sábado, 10 de outubro de 2009

Oca

Segure a minha mão
O tempo já se exclúi
E não pude mudar minha decisão
Só não me morda

Mas segure forte, por que o mundo vai balançar
Não solte a minha mão
Ando pensando, aqui e ali
Se é o mundo um desencontro

Um planeta ou uma bola, que brilha
Uma estranha atmosféra, um vulto opaco, e um paraíso
Ruma incerta, e é o Sol que lhe segue

Se não se auto destrói
Vão tirar tudo debaixo da Terra
Traz cá pra cima, deixa oco, desconstrói

Inumeras guerras
Inúmeras danças
Inúmeras plantas

Esta tudo fora de controle, como eu gosto



set/09

A Soma dos Excluídos

No Rio que eu vivo
Eu vejo coisas que não entendo
No Rio do Rio mais real, que o Rio triunfal
Há o Rio do Rio que é podre, triste e mau

Há no Rio que descubro realidades que me doem
E matam o bem querer que há em mim
Há muito mais do que imaginas, se o Rio que lhe chega
É o das páginas das revistas, fantasiosa realidade, filha da puta e maldita

Rio, onde os trabalhadores merecem tiros
São pobres... e sonhadores de seus direitos, furtivos
Rio, que eu desejaria na minha mais maligna perversidade destruír
Seus políticos boçais e eternos, e policiais legitimados pelos infernos

Rio, preciso te dizer, Rio abaixo de meus pés
Seus filhos não se entendem, andam se matando, há uns poucos bons em fuga pelos bordéis
Capital mundial da putaria santificada, por igreja e mídia forçada, doem na cabeça sacrificada
Rio outrora belo, que enterres todo elogio nessa chorosa mágoa

Enquanto bater, chutar e forjar gostar de teus retíntos que se movem por trens
Vou querer fugir, e continuarei a odiar, os esquemas que tens
A beleza restrita a sua classe de auto-convícta nobreza, Rio, você acabou
Banal em violência e tragédias mórbidas, fique com seus zumbis errantes em inglórias

Que se atropelam, se desprezam, pequenas cabeças de merda pulsante
Não tolero nem mais um instante esse modo de vida, de achar desculpas para tudo
Arrogante, desejo-lhe um foda-se bem grande
A ti, e aos que não gostaram do que leram até o instante

Vivam pois, com suas sub-rações e pseudorezas, com suas ruas de lixo e de flores sem terras
Vivam boiando se sentindo numa quase paris.losangeles.lisboa.recife.londres
Que digo-lhe, não és, não tanges
Sei que não me expresso bem e que sou claro até demais, anseios duplos, os tais

Estudantes, governantes, intelectuais, artistas, pais de família, ignorantes marginais
Vou te buscar Rio, no mais profundo, tenso e sinistro, obscuro submundo
Onde dia após dia sua massa de heróis ruma, a sacodir, ao destino de trabalhar
Sem ver belezas, dinheiro, ou mínimo indício de orvalho

Abraçam-te Rio com os próprios braços
Não os de cimento, esse é gesto fácil
Mas com músculos que se esvaem ao tempo
Fibras do cansaço

Rio, não sei se você vai me entender
Mas o melhor de ti, está por se desvelar
Já existe, sufocado, quase morto sem ar
Afoga Rio, teus filhos imundos no teu mar

Afaga no peito, a soma
De teus excluídos
Que ruma obediente
E que insiste em te amar

09/10/09

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Fazendo Nada

O poeta tem que ser solto
Tem que desgovernar pensamentos
O poeta tem que ser livre
Tem que desdizer o posto dito

O poeta tem que soltar os cães
Tem que multiplicar vãos tormentos
O poeta tem que confundir argumentos
Tem que amar e desamar

O poeta tem que se perder em fragmentos
Tem que engolir sentimentos

O poeta tem que escrever pra não ser lido
Tem que negar tudo que digo

O poeta tem que se acabar e acabar-se em si
Ou fazendo nada ou algo bonito

03/03/2009

domingo, 4 de outubro de 2009

Onde Me Levo

Se te quero
E se não quero
De um verbo
Sou incerto

E por onde me levo
Te quero perto

sábado, 3 de outubro de 2009

Animalzinho Errante

Vou me limitar a rastejar pelas ruas
A encontrar, sem medo, dicotomias tuas
Vou preservar meu tempo, ilusão maior meu momento
E gastar esforços para o que não vou ser

A quem quer que seja
Que me leia ou que me veja
To esperando um canto
Mas talvez não esteja vivo, nem seja humano, quem o diga, santo

E pois como estou, apático, inapto
Sinto que vomito por dentro de mim mesmo
Quero colo de irmã, e te ver nos sons de Amsterdã
Vou-me embora,mas fica você, aqui e agora

Vou indo, despedida não demora
Me espera anjo tão mais mortal, de uma outra pátria
Quero ir sozinho, sem destino, sem vanglória
Ir, pois há qualquer submundo que me espere

Travado, Outubro deflagra, meu cerne
Nove meses para que eu renasça em ventre próprio
Quero morrer de amor ou frio, vou e me crio
Mas não fico, para te ver de novo, em espelhos e reflexos

Estarei completo, entre abutres e lixos diversos
Não quero, seu mundo eu não quero
Daqui já vou indo, um tipo de animalzinho errante
Que só quer engolir o mundo e ver o tem adiante

01/10/09

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Se Prepara

Não há melhor momento para uma notícia do que
O quanto mais perto ela estiver de seu acontecimento
E se quando ela aparece, de uma bruma, assim que amanhece
É um corte fundo, temos um problema em Abril, o ano de 64 não vai nada bem
Acontece... é meio que um não pensar, surgiu o dia, o Brasil estremece

Vida transformada assim, o todo fica encolhidinho
As músicas sublimadas, engessadas na brancura suja da caverna
Complicadas parar virarem hinos, e os hinos nas marchas-camadaras
Se olham, velho e filho, com realidades unificadas.
Tantos voos pra fora do país, e nenhum nos levaram

Dona da verdade, fixa desconstrução da liberdade
AI-5 de meu Deus, numa cabeça cansada demais
Do sol que é demais cascudo nas terras deste agreste
Um bloco de mármore flutua sobre o povo
Andam se contorsendo pela culpa alheia e mútua

Mas é de causar espanto, debaixo de chuva grossa, desse pranto
Somos nós povo que se veste, foge, urra, se esquece
Fevereiro tomamos de volta toda música e rua que coubesse
A máquina dos generais, lá por trás, planaltos acima
Finge que nos conhece

E como nunca, de um jeito estranho, mudo, surdo, seu povo Brasil
Faz de encontros abraços, há anjos e loucos nas ruas
Os grã-finos se beijam, o povo do morro desce
Com sal nos corpos, riem, sorriem, se curvam, reamanhece...
Não se usa estresse, o sambódromo que ainda vai existir

E os novos baianos saem da tese, reverberam carnaval
Misturam-se qual som que se preze
Fazia o mesmo calor de hoje em dia
Mas aquela foi a velada abstração que podíamos
No inignorável grito de tua lágrima que desce

Esse amor, coisa que não se explica, suas cores auri-verdes
Que a tantos simboliza
Ali guardou momentos cinzento de evasiva paz
Em domínios delicados por demais, sob duras penas
Arrastou pra euforia tal moça e qual rapaz

Se largaram na folia, envoltos de amnésia-fantasia
Libertária primazia, acordaram sem chão
Na quarta-feira de cinzas e azia
O ano começa no jargão, retomemos ao trabalho
Segue escravo o Brasil diário

Liberto na música, prisioneiro involuntário
Socorro pede o maquinista ferroviário
Ajuda, suplica o motorista, eu boia-fria virei um coitado
Minha história se confundiu na grande cidade
No pequeno país que somos, individual ingenuidade

Em pandeiros se subverteu o estabelecimento
Do regime, ou se diria, daquele crime
Que agora ninguém cometeu, mas que em sua época
Era líder e se faziam reverências
Minha mãe e pai viveram isso, e por isso

Eu cuspo no seu parágrafo de palavras vazias
Brasil que ainda hoje
Que ainda dorme!
Acorda e se levanta
Pra vida!

Leva seu filho e filha
Pra escola
E se prepara
Para entrar
Na avenida!



18/9/9

sábado, 5 de setembro de 2009

Tudo em Ti Que Terei na Vida

Contrapartida de teu mundo, contraditório ocidente
Constrõem máscaras, música e livro
Ausentam o que se sente
Foi tanto tempo, tudo invenção, coisa de amor
Mas que é de mente

Não releia agora, não viva, não tente
Só te confundo, por que acho que combina
Tais escolhas minhas, com sua demora
E te escrevo de agora, por lhe ter
Ainda não no presente

Mas em um lugar que irá me levar
Embora súbita comparação de tudo
Que não entendo
Com teu lugar no futuro
Meu domínio

Seremos o tempo trocando palavras
E os rumos
Por anticópias de propostas que não li
Transformarei de tudo um pouco
Do mundo que vivi, que escondi

Pois foi tudo
De erro cômico
A acerto irônico
Que não correspondi

Passo por luzes que clareiam as tardes
E teoria sem dúvidas tristes
De tão covardes

Foi o mundo que eu abracei
Floreado de filas, de complexas maravilhas

De amigas e de tudo em ti que terei... na vida

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pra Sol

Seus braços abertos assim...
Sinto teus raios
Teus olhos apertados assim...
Amor de criança, de ser amado
Sorriso gostoso e como é bom sentir teu abraço
Tuas ruas, tua vida, coisinhas tão tímidas
Seu tamanho de astro, sua imponente grandiosidade
Que não acho na minha estrada
Sol, carrego você e tua voz na despedida
Num lugar tão dentro, posto que tão querida
No meu coração não há mais espaço
Não deixou brechas, não existe mais saída
Sol, ser que agora dorme ou brinca
Te amo como teu irmão que não existe
Teu mano, como você me diz
Anda pela vida vai
Leva consigo toda felicidade que lhe for concedida
Porque és flor, és menina,és luz, és maravilha
Não te esqueço, apenas não apareço
Pois este agora é o preço
Mas por ti fica meu apreço, meu anjo, meu lugar bom
Sou todo um novo que não me conheço
Acordo agora nos dias sentindo falta
Mas corro para rua e nos teus braços
Sol querida, feliz sorrio, quando me aqueço

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O A S I S

Sem partido, sem abrigo, sem um chão, só um sonho
De onde começamos, da virtualidade de onde não estamos
Sem limites ou países, sem bandeiras ou matrizes
Só nosso peito aberto para abraços e convites
Oasis não é ONG, não é dó, nem piedade
É abraços e amor imensurado
São crianças, mulheres e esses loucos
Que parecem cegos e surdos aos avisos dos que não nos conhecem
Do pessimismo, fatalismo, assistencialismo de si mesmo
Algo novo, que rompe, que sonha, que vai no belo que se esconde
Que bem trata a sua vergonha, e com ela some
A espera no antes
A espera no quase
A vertigem no se
A origem de um oasis
O Brasil, essa completa "miscigenagem"
Acaba que distancia seus filhos
Uma robusta nação que não se sabe
E agora nesse choque, mão no rosto, esse toque
Ruas de pequeninas cidades, gente acanhada, sonha escondidinho
Mas no que ouve esse repique, que jogamos pro ar
Foge do seu medo de buscar, começa a se juntar
A compreender onde podem chegar
É puro cada olhar, comunitaria abstração do não vai dar
Correm doidos pro alcançar, e abraçam forte, forte depois de dançar
Calor humano esquecido, varrido, caco moído, mas não aqui, não agora
Pois disso já me cansei, não aceitamos o nada sei
Soberanos de si mesmos, povo que também é rei
Lagrima feliz, bagagem de aprendiz, bicho solto por toda vida
Gosto bom de toda cicatriz
Alma leve, estadia breve, amigos que nunca mais verei
Mais raros que ouro, que nuvem, que neve
Crianças multiplas, irradiando absurdos
São os seres menos confusos, esperando futuro que os leve
Oasis me ensinou, antes de me ensinar
Oasis replantou, antes de replantar
Oasis voou, sem asas, pelo mundo
Que vai começar.


Teo Petri
26/07/09

sábado, 27 de junho de 2009

Liberté

Vivo
Não que eu esteja entendendo
Mas vivo, mais por me fazer
Do que pelo o que acabo sendo

Neste momento me pego atento
À esta infinidade, meu cotidiano
Nesta São Paulo, metrópole de nome santo
Na Curitiba, em que estou me levando
No Rio, de pai e mãe me esperando

De meus olhos
Vista seca e convícta
Que me firmo em Brasil
De Guanabara ao Guaíra
Passando pela Paulista

Me amo brasileiro
Conforto miscigenado de um país inteiro
Ao morrer, terei meus dias
Pra te dar, país meu

Coberto, por meu peito aberto
Eterno, meu avô, pai, filho e neto
Meu inverso, terminal fronteira do universo
Seus poucos cientistas e poetas

Seus contornos atlânticos e amazônicos
Pampas, carroças, inédito Pantanal
O Sertão, nada mais nordestino
Amor que não se evita, indefectível armadilha

Para alguém como eu, indiozinho pós-moderno
E todos meus sonhos de menino
Igualité meu carnaval
Liberté me cubra em manguezal
Haja fraternité na falta de moral

Lisboa que seria do Brasil
Se amanhecesse no Senegal

Estrameço na babel que é meu berço
Envelheço, no piscar de olhos, em segredo
E me esqueço, do que, suposto, deveria ser



23/06/09

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Minha Cidade

É onde estou...
Esta cidade não tem nome
Não lhe deram, pois não lhe coube
Tem agora vinte ou trinta habitantes
Olho para eles, me encontro, não há mal assombro
Os escuto como um menino novo, que se assusta com todo tombo
Eles falam como eu desejo falar, escrevem e contam de novidades do mundo
Fazem existir essa cidade, e vejo que agora , moro aqui

A cidade esta enchendo, crescendo
Se estou surpreso? nao, nao por isso
Eles vao chegando e a cidade esta ficando bem cheia
Somos e me sinto como eu uma taba, um oásis, uma aldeia
Esta mesa grande que há no centro tem braços elevados por todo o mundo

Escuto historias e vejo caras, que nesse momento entendo, são o meu destino
Subitamente, por acaso, vim parar neste macrocosmo pequenino
Coberto de vontade, dúvidas e curiosidade, vou ficar no meu canto, aprendendo
Com os maiores, seres já fortes, o que eles vieram me contar
Completarei meus dias fora daqui com saudade, dessa tal cidade
Cidade de múltiplos, de um tempo sem fuso
Cidade única no mundo, sem dono e sem rumo
Cidade minha, cidade sozinha, no meio das tantas outras lá de fora
Cidade que me faz ver o que vejo agora
Cidade que nao diz onde irá sua história, estou bobo, estou roxo, nao tenho sono, me sinto teu dono
Nao irei alem do que já disse, pois cidade minha, vc ja existe, dentro de seus filhos efêmeros
Seres que nos sabemos, voltarei em uma nova, e trarei algo de ti e levar-te-ei para longe daqui

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Por falar de amor onde está você II

Por falar de amor onde está você
No vento de uma flecha
Numa vida curta, luz estreita, de uma brecha
Meu coração que bate seco, posto seu último beijo, em minha testa

Mas já agora ano novo, me vejo envolto
De um sonho novo, mergulho surdo e corro louco
Bandeira branca, faço da paz um pouco

Atômico descaminhar, é lento sufoco
De uma humanidade do sem pensar
Do te quero morto

De poderes que condizem, e que não me envolvo
Me crio solto
Mas tomo soco, buscara sol e uma amada, tanto e tão pouco

Não há diálogo ou comédia, se o mar, revolto
Meu Brasil é Espanha nos museus, e Jamaica sem almoço
Somos casas entre árvores. mas sem último reboco

Somos músicas copiadas, altas, tanto que nem ouço
Somos narizes finos, estéticos, e dedos magros, no osso
Somos de outro dia, na chuva criados, fodidos
Somos pintura sem esboço

Somos Lampião e Zumbi, somos Zé do Caroço
Somos romance, menos chic que o tango argentino, somos o fundo do poço
Somos meninas nas estradas, vendidas por um troco
Somos Ney, Cazuza e Renato Russo, bichas assumidas, anjos roucos

Somos a mídia fingidinha, somos normalzinho, povo escroto
Somos o transtorno, caos urbano, religiões de consolo
Somos bostas, vivemos de costas, cheios de não pode
Cheios de não mostra

E seguimos sem pincéis, amordaçados
Somos atores sem papeis
Somos o trigo que nunca vira pão
Somos o senado, a política, o caveirão

Somos exóticos seres dos trópicos
Somos o País Ipanema
Somos Yemanjá For Export
Somos o seio e bunda de Iracema

Somos um pouquinho de cada curva do mundo
Somos um bebê lindo, somos a dama e milhões de vagabundos
Somos rendidos, somos arrependidos
Não somos americanos, não fomos o povo escolhido

Não somos o primo ariano, não somos a prima Uganda
Somos corte, somos sorte
Somos Pindorama

Somos esse amor forte
Somos quem esquece de amar
E somos quem nos ama

Somos o ainda, o antes, e o além... da morte

domingo, 19 de abril de 2009

Janeiro do Rio

A Vila
À Teresa
A Santa
À Isabel

Os Blocos
As Escolas
De Rua
De Samba

O Baile
O Copa
A Cabana
O Funk

A Bossa
O Bota
A Nova
O Fogo

O Redentor
De Açucar
O Pão
De Cristo


A Cidade
O Complexo
De Deus
Da Maré

A Praça
Chinesa
E a Vista
Seca

A Laje
Do Brasil
O Parque
Central

A Beleza
É Imperial
E Natural
A Capital

O Poder
De Raiz
O Samba
Paralelo

E a Mata
E o Oceâno
Unicamente são de um Rio

Ao Tempo que
Atlânticos

Assim Eu Vou

Nascido no Brasil, criado no calor
Não veio preto, veio branco, mas que misturou
Cresceu no meio do samba, foi o pai que levou
Ainda na manhã da vida cantei pra Xangô
Mas que o mundo gira, e dali ele se mudou

Foi crescer solto, conhecendo mais de peixe, de fruta, de flor
Numa cidade pequenina, onde veio lua e o mar entrou
E foi ali que ele pousou, materno bangalô
Esqueceu do mundo, descalço o menino brincou

Deixou a vida se encontrar, em paraty que ele amou
Achou amigos, que mudaram o que eu sou
Cosmopólito fim de mundo, amor e arte herdou

Para cada casa que os olhos passou
Notou beleza, que o tempo deixou
Para cada pedra que pisou
Um amor que ele prendeu e um que ele soltou

Dança das fitas, bonita, brincou
Em Cirandas, cachaças, noites que derramou
No Carangueijo caiçara , tal ela, qual bela rodou
Na eletrônica, das praias, incríveis dias raiou

Mundo complexo, diferente, encarou
Saudade
Do povo, de casa
Amigo que foi cedo, chorou
Subindo em galhos, nadando com peixes, nunca acordou

Nas canoas, em Fortes Perpétuos
Calçadas que o mar lavou
Carnavais de máscara
De lama, de graça, um garoto piêrrot
De Festas Literais, poesias ao amor

Sobe e desce pipa do céu, nuvem pro mar
Ouro da serra, viola pro bar
Amor que nunca mais se vê
E que vive a se encontrar

Agora não tenho cana pra beber
Nem telas pra pintar
Agora não tenho tardes a te ver
Cidade do meu sonhar

Não tenho suas festas
Nem seus filhos
Ao meu passar

Agora... lembranças
E uma certeza

Paraty
Quero voltar

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Fugitivos Na Mata

Fugitivos na mata
Bebem água que chove agora
Faca, bala, substantivo de arma
Casa, roupa, constituintes de horas

Brasileiros em um sócio-exílio
Tais os pobres na megalópole
Pulsam em vida no silêncio da fome
Buscaram os muros de um castelo que vende o que se consome

Mas não nesse março, não era mês pra isso
Não esperaram a lua fazer contorno
Algo como de um místico agouro

Deitam agora na mata que lhes guarda
Olham essa noite, suas luzes e o eterno cristo
Descansam suas almas e agarram suas chances
Podem morrer numa tocaia se pisarem na avenida


Sonam na espreita da morte, bandida
Ruma moça, garimpando ipanema, solstícia
Os segue nos entornos, e os mantém aflitos, afoitos

Não sabem se verão mais outro sol se pôr
Se virá ainda um novo amor, vida a frente
Se terão o poder de mudar o que são
Ou será que tudo que são, foi mudado
Quando eles já não tinham opção

Pois o Rio, essa formosa babel, catalisa amedrontamentos
Me salva só Cartola, cantando momentos
De um violão de lamentos
Que me deixa vadiar noite adentro, a me ensinar
Que pudor nenhum vai subtrair o meu viver

Mas é um grunhido, um sem-nome, supôr estar lá nesse momento
Num reality show muito mais que real, dentro da selva tropical
Em fuga, reclusos à tarde, embaixo da chuva
O plano errado, do mundo errado

Plantados numa árvore, prontos para entrarem em cena
Copacabana de cinema
Tuas bandas, teus blocos
Tuas bundas, teus poemas

Teus latino-americanos de sub-renda
Princesa, de um povo auri-verde
Do ouro, que é o que buscavam, antes da fuga maldita
E do verde, que é o que acharam
Floresta de braços abertos, bendita

Problemas conectos
Por uma cidade-dilema, ambígua
Trai e ama, famélicos e cyber-céticos
Contornos de paisagens, antiéticos
Favelas de duração etérea
Onde nada é para sempre

Lições de um poder canibal
Onde não vejo o bem e o mal
Onde me mudo
Meu mundo
Onde quase surto

Numa virgindade papal
Numa castidade puta, irreal
Meu quebra-cabeças natal

É demais desigual
Tem seus filhos na mata infernal
Um labirinto sem começo e fim, natural
Me diz o que fará deles?

Te observo, passional


(30/03/09)

sábado, 28 de março de 2009

Hermanos

Nem nossas vidas que se tocam
Nem todo desentendimento
Nada, de nenhum momento
Estará a frente do que eu vivo com vocês

Destas ruas trancadas pela história
De cachoeiras pacíficas e de mares atlânticos
Tudo que construimos e contruiremos
De cá, coração meu tão aberto, começo, recomeço

Como em todos os dias que me flerto, aberto
Com o tempo que contempla, completo
A nossa vontade

Ao que entendo, no nosso mundo, na hera do anormal noturno
Rodo o mundo, mundo que delato
Terra, que sobre si mesma, se dilata

Contemplação da esfera minha, sozinha

Niemeyeres

Sobem, muitos goles
Me retorna uma enorme lembrança forte
Na noite que rompe, de tudo, rosto e nome
Se consome
Coquitel Molotov, religo o meu Engov

Bolso, fruto, fluxo
Dilemas, poemas, tormentas
Abraços, exatos, contatos
E o calor, o arrepio, noite cega

Sou quem me crio
Sonares de heterogenia
Tantas são as lapas
Guardam noites de amores, as praças

Reclinam olhares de fotógrafos, regatos
Brasil de climas cifrados
Guarda e deixa dormir tuas praias em sono leve
Encoraja-o, porque seu povo, de misturas

Com fome, sorri tudo que pode
São simples
E bela gente
Niemeyeres aos máximos


(16/03/09)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Por Falar De Amor, Onde Está Você

Por falar de amor, onde está você
Toda doce, gracinha, onde está você
Falar de amor, falo, mas olho mais, mais pra te ver

Nunca foi, nunca fui, mas tenho o tempo pra prever
Amor em folhas, amor em esperança, em criança
Amor ao boi, amor que flui, amor yo soy, amor seduz
Amar em par, amar no bar, amar e não estudar, ah mar...

Amar nos dói
Amar constrói
Amar em solidão, em paixão platônica
Amar bossa nova, samba, mpb e eletrônica

Falo aos poucos, um pouco de tudo
Mas é quando eu falo o quanto amo
Que entendo quanto amor possuo
E se me gosto e me assusto

Em ti me posto e protejo as guardas tuas
E todo carinho que à esta ninfa esmero
Se fará sentir, amor, contração maior e arrepio
Divisão de tudo na vida em sua função

Falar em amor, já falei
Amor é que se diga, mas o belo é que se faça
Amo e pergunto, amo e te peço, para mim

Eu te quero, amor não nego
To perto, do absoluto
Amor completo

Acordei amando
E amando te achei
Mas alguma coisa acontece
E meu coração surta, desobedece

Fica louco, faz qualquer jogo
E numa dessas noites você aparece
Toda leve, ainda não me conhece
Rainha da colônia da minha espécie

Ama nua, de flor em flor
Elogios e loucuras
Mais as noites de verão

São tortas, como portas, como notas
Ou derrotas
A memória

Essa senhora da história
Em recaídas ou em glórias
Mas em ti eu vi, minha maior vitória

Estranhos, em flagrantes rebanhos
Pelos cantos se aglomerando
Não compõe imagem, não agem, alguma outra viagem

Rebelar-se-á

E uma cachoeira de emoções já terá percorrido nosso mundo
No momento após em que algum de nós, calar
Desse amor pelo qual fico dias sem falar
E que já falo sem poder explicar



25/01/09

Beijo Anti-beijo

Declaro
Sou gago
Tenho vícios
E tendo a libertínios

Jogo sujo, sem banho durmo
Odeio meio mundo
Não rio, detesto
Me quero rotundo

Aos 20, convícto de que não presto
Resolvi temer a mim
Duelo em que me fecho
Dos climas já nada honestos

Dos cinzas, das trincas, das lamas, não camas
Dos quase dramas
Pois já não servi, já "não" o antes "sim"
Frente em que não há espectro

Calada convulção convexa
Trema problema, anexa
Me assopra tormentos metálicos
Me envelopa destinos diários

Me capota aos comprimidos ótarios
Minha pupila de olhos secundários
Meu gosto e cheiro, meu espelho
Sou em cheio um erro feio

E o que trago de pior em segredo
É pois tentar, quando ao sorrir
Não te ver, de sempre fingir não notar
E tudo piora quando então supões me olhar

E da infância ela vai rir ao lembrar
Algo que tentamos
Mas não conseguimos...
O anti-beijo




14/01/09

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Para Pamela

Vejo hoje o fim desse novembro
Efêmero, compasso em relento, desprendo
Dias através dos sonhos meus, e um amor que brota amizade
Uma linda luz que vi surgir, ninguém mais que ti

Um anjo da simplicidade
São o por-do-sol e raras moradas, excentricidade
E o que são cidades, o que são idades?
São letras nas cartas, números sem falas

Eu sou um cão e um gato, vivo o mundo abstrato
Querendo ser negativo e vivo retrato
Ser um todo de menino afim de buscar seu cabelo em fitas
Nos jardins idealizados de seus deuses, e na fome que vaza das tripas

Busque o silêncio como uma princesa da selva
Olhos abertos, enormes sobre o mundo
Tens todo amor, dom maior e mais profundo
Se fez estrela em minha vida, brilhante de uma forma que pra sempre

Minha intocável irmãzinha, paixão de menina atrevida
Estou numa madrugada onde não bate o tempo
Fixas idéias em que sou o vácuo de meu templo
E você um leite morno, que mãe alguma traz mais doce

Não és uma em um milhão
Ès uma em todos os tempos, o deus em vão
Há um mundo que você não supõe, acredite
Mas o que fica são os sonhos vividos, imaculada afrodite

Por cada gosto de fruta em sua boca
E sons que te fizeram dançar, momento maior, alma solta
Cada sono abandonado, cada ilha que chegou a nado
Cada noite, cada sol, um passarinho de sua infância, e todo amor de namorado

Nada virá a toa, haverá calor e mais sabor
Ainda que garoa
E nosso tempo já voa, desse tempo de se encontrar em clarões
Virá a vida boa, e serás a primeira a saber que felizes

Ficamos, todos nós, ao ver que um dia, todo céu se abraçou
E a nova amiga é a Pamela que o Teo achou
Uma única razão que se basta
Pra viver feliz

Acabou




Te amo, amiga linda. Beijos pela eternidade!
Teo

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Daquele Azul

E já não importava mais no que daquele
Azul que vinha o céu
E no seu tempo de contar em fases, loucuras tenazes
Doçuras, de passatempos do que seremos

No rever dos dias que sabemos
Da sabedoria de fechaduras, de dormir em dor aguda
Mais que luz menina pura, pois de seus timbres
Saem vestes que me atingem

Por um sabor, de desenhos construídos de pavor
Pois tanta e fervente dor
Que permanecem em festas

Subvertem maneiras, se entr'escapam por todas frestas
Mas... me lembro
Qual saliva venera a vista, modesta



12_2008

Te Esfarelo-me

Na sua situação eu não teria qualquer hesitação
Na sua idade não teria qualquer piedade
E tal face, tal elo, qual belo, já fascinante olhar seu
Que forma o rosto singelo

Mas sua boca, de última infância
Tem bolo,e se sai bela, onde não haja sido vista
Toda suja, e de pães que tu tornas
Farelo...

O Barco

No meu barco
Desenho um arco
Há uma preguiça fina
Nesse vento fraco

Os desenhos se fundem
E pensamentos eclodem
Dois versos e um risco, se movem
Me seco no salto intrépido das nuvens

E cada imagem que forma um rastro
Me guia marejado, e da popa que fiz, já vem um mastro
De uma bolha de meus sonhos surge cativa
Você, cabelos no vento, simples alteza, formosa bandida

Destrói tudo que criei
O verso engasga
A aquarela, tão bela vela, se rasga
Por ti foi o mundo, e já nada sei

Meu barco afunda
Num minuto minha vista inunda
Foi-se o amor nas cínicas águas turvas
No fundo do mar encontra-se meu barco

Um baú que vive aberto
Cheio de água, só que vazio de coisa alguma
É vácuo, no máximo casca
E sinto um calor, que no peito retumba


23_11_08

Vapor Contrátil

Vida é pouca
E a fibra
Já rouca

Todo beijo, toda boca
Todas as noites que juntos,e num quase nada de roupa
Bebemos e damos de beber aos nossos corpos

E não importa
Guerras, enjoos e destroços
Ainda que seja pouca a vida

De puros e excessivos remorços
E o que fica depois?
De quando nada mais houver
A se dizer

Humanos em seu próprio vácuo
Contrátil, Portátil
De nosso calor versátil

Nada ficará
Só esse deus, que eu não acredito
Curtindo depois de todo mundo

E o azul...


07_10_08

Vestido de Joana

Pois te toco as mãos
E pôe-se a rodar
A coisa vista mais bela
Joana com seu vestido

De flores amarelas
Travando o mundo
Até o sub-mundo
E o terceiro mundo

E eu acho que até todo o mundo
Mas eu, não consigo simplesmente
Deixar...
Te ver passar

E não querer
Perfeita ela, toda ela
Julgou ser minha dona
E agora...

Entre nunca mais e agora
Me beijou
No meio da noite é lindo
Ver o dia nascer de fininho

08_12_08

Vestido de Dezembro

Surge isento
Lépido, cético
Seu vestido... pela rua
Já o trouxe, dezembro

Me esquivei de quem vinha
Já passava prum nervoso comedimento
Sem talento
Troquei de calçada e nem percebi

Foi um encontro e um lamento
Barcas n'água e ferrovias me dirão
Tão tolo, se furta em núvens
Sorrirão às gargalhadas nas madrugadas pelo Rio

Ela dobra a esquina, e você se move
Corre, controle, senão some, qual o nome?
Seu jeito, é pura dança
Mas em ti, o nada é tudo

Que me alcança

Onde se esconde?

Não há nada nessas ruas neste exato momento
Nem há nada pelos campos e praças
Nada nos casacos, nada nos teatros
Umas rápidas imagens, nessas telas-bobagens

Há um mundo de ferragens, e um mundo das paisagens
E cada naufrágio faz um recomeço
É como na infância acreditar no desejo
Sem saber que se pode errar

E sem mágicas ou regras pra vida
Mas...Quando é meia-noite, bate em mim meio-dia
Eu acordo em meio a multidões nas tardes
E já não vejo onde se esconde
Maldita arte, covarde

Agosto de 1985

Final do mês, mês de agosto, do ano de 1985
Saiam duma ditadura intoxicante os jovens desse país
Do Brasil cinzento, de sombras, amargo momento
Era ainda o rompimento, do que seria um novo tempo

E entre rodas de violões e peças de teatro
Floresciam novos argumentos, libertava-se um brasileiro nato
Nesse fim de mês, ao fio do inverno, no meu recato
Fui sair do frio eterno de não existir

Em parte um plano
Um todo abstrato
A barriga de mãe é um portal de mundo
E me fiz nesse hiato

(11-09-08)

sábado, 15 de novembro de 2008

Corre, Pula, Entende

Corre Teo, corre mundo, que tudo vem
Mas, calma Teo, seu mundo é todo um único que virá bem
Olha Teo, respira, mas aqui você não escolhe nada
As roupas suas tão limpas são uma tentação
Para o barro na calçada

Pula o mundo Teo
Aqui tudo vai e fica, e tudo vale a pena
É tudo vida
Sonha Teo
Que sonhar é beijar destinos sem sair de casa

Entende pra sempre Teo, que você é um só
Mas que uma só é a chance suficiente pra nascer e viver

Nada que me toca
Que sinto, cheiro, bebo ou finjo

Nada que me tem
Que impera, que me deêm
Ou onde me veêm
Se tornará algo no espaço

Os humanos criaram toda essa maneira de viver
Você é parte disso

Amor Encolhido

Vou te chamar pra ver um filme
Vou te chamar pra sair por ai
Aproveita agora chance essa a tua
Que um desejo muda e fim

O silêncio que é mais inimigo
Que um antigo cais
E partir é sair sem saber
E tenho cada vez mais remédios

A me fazerem favores
Já tenho a vida como uma filmagem
Na qual não se respira. Amor encolhido
Um curta-metragem

E desde que eu não te ame mais do que você me pede
Minhas reflexões serão tranquilas
E nos veremos por algumas horas
Como se fosse para sempre

Amor belo
Como esperar um filho

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

No Idea

That was me
Dispersed
Looking the whiteness
Of a natural brazilian beach

Tired, I've had burned all my fire
I've'd wasted several nights
With cheapy girls, I havent a place to go
And now I am disguted about my soul

Blowing ideas in the paper
No idea about where to go later
I feel all clowdy above my head and inside
I lost my way this year,

Broking three hearts in one only single season
God doesn't exist
But I'm asking him two lovely arms
So I can lay beck my fears

All I see is a massed confusion in the world around me
Incredible I am stiil alive
After many time trusting in lucky step's
Now I got my last chance

And I feel that's the time
I'm grabbing my future
And you are a small part of it
And also the best

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O uivo da pátria amada

Roda Gigante me sinto girar
Cubo mágico exato decifrar
Atmosfera paraíso, hiperlúdico carnaval
Eldorado luxo turvo, vítima de lixo come telejornal

Brasil, brasil, Brasil
País de onde nunca saí
Verde o qual amarelo nunca azul compreendi

Amo, amo, Amo
Com sangue e ódio
E com ciúme e com amor

Nação de sublime descúido
Igarapés secretos, cuícas, tamborins e reco-recos
E todo sol que aqui se põe; antropofágico

Monstruosamente carrega antagonicas beleza
Por cantos e recantos, por dentre, ao redor de galerias de arte
Cientistas nos invejam de Marte

Me deito em quentes praias, mechas brancas que são o seu sono
País eterno do futuro, vive passado e presente de cão sem dono
Onde o tempo corre lento, onde a dor também morre de amor

O que já não é

Tempo foi
Tempo de depois
Tempo de relentos
Do que pensa sente e tenta
Do que me lembra sua mente
Em frente de ser ou estar
De tentar, ou errar ou mantêr

Vida forte, de dor e de muita cor
Pra esquecer, pra disfarçar
Só pensar não é tentar
Só tentar não é valer
Só valer não é gozar
Só gozar não é amar
Só amar não é entender
E sem entender um ao outro
Não iremos a qualquer lugar

Cansei de um mundo que hoje vou enterrar
Junto com poesias e doses de amor
Que não serviram pra ninguém

Como uma festa sem música
Como um amor compulsório
Como dormir sem notícias suas
Como não poder te explicar o universo
Como querer ir a lua

Mas hoje deixo
Tudo passar
Mundo passar
Lua passar

É só o mesmo olhar que já tivemos
Que sempre teremos
Olhar de olhar o tempo
Onde estaremos?

Onde viveremos, onde pediremos?
Onde seremos, onde teremos?
Seremos plantas que colheremos

À sós, sem voz
Por nós, sem nós
Será como um dia escrevendo
Será um dia a mais
Na Terra que criamos

Tudo sem paz

O mar e a nau

Noites vazias
Ruas sem vida
Beijos grudam na retina
Tantas meninas que não são você
Tantas vozes, e uma só se querer

Desculpe, mas de nossos futuros...
Não sei.
São como a nau e o mar
Se provam
Esnobes e obscessivos

Brasis de tantas tribos
Enredo contemporâneo
Manifesto em dose estética
Descomunal dialética

Amor sem dor, numa paixão sem cor, já profética
Sou algo que não me basto
Amanheço em calor desconcreto
Nefasto
Forças da natureza que não agem

Desgraça pouca, bobagem
Eterna contagem
De uma infita viagem
Ao descompasso do horizonte
Naves na amplidão sideral

Sem culpa!
Um momento, sem se sentir
Flutuo!
Possuo assas em sonhos
Que se repetem

sábado, 27 de setembro de 2008

Sua vida

E ela ainda me quer...
Depois de me dispensar, de me esnobar
Ela ainda me quer ver sob suas mãos
Ainda depois de desligar...
De não pedir atenção, de não ir, depois de me apagar
Ela ainda me quer pra brincar
E ainda...
Que aindas, todos seus, sejam e finjam
Ainda que só... Ainda.
Como igual, cada retina
Enxerga o que se ilumina
E que seja qual for sua rima em ...ína
Ou de qualquer parte
Se menino se menina...
Idéias pacíficas
São iguais, em toda parte do mundo
Respire...
Parabéns. Pela
Sua
Vida!!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Liberdade e meninas

Sobre novas pontes de novíssimo cimento
Em brancura... e sob a garoa
Tristes anos de vida sem razão

A mordida de um ditador, a marca e a dor
Indo e vindo...
Jaquetas, cabelos soltos estampas de uns dias de 70
Calças de sinos, óculos exagerados emolduravam os olhos

Tristes e novos
Na única vontade de quem ainda cedo se entregou
Buscavam os meninos...
A liberdade e as meninas

Ouviam discos e passeavam por um Brasil semi-moderno
De peito aberto...
e o coração
Sangrando.

Alguma Coisa Está Fora do Tempo

Essa viagem foi tudo de bom
Fui na floresta
Dancei na cesta
Deixei minha cesta
Amei as ninfas
Beijei as flores
Torrei horrores
Sonhei amores
Curti sabores
Terminei acordando de um sonho
E o filme que fica na cabeça
A batida e o finalzinho da luz
Luzzzzz.................


(05/08/08)

T-AMAR M-ATAR

Esses meus olhos grandes
Fazem esse olhar duro, preso
A boca nesse sorriso forte, teso
Os dentes brancos... mas riem secos

Sou dor em peso
Vejo o lado sério do amor
Onde não há preço
Sinto um soco, não no rosto

Mas no peito
Me sinto estreito, sem jeito
Corro sem freio
O vazio é bruto e feio

Escrevo, despejo
No desterro do travesseiro
Há o frio, onde era calor o dia inteiro
É a outra metade que não veio

Não entendo, não aguento
Distendo...
E no clarear da minha vida...
Me prendo

É assim que aprendo
Não deixar ninguém, nem o vento
Se aproximar do meu sentimento
Senti...

E sofri, amar não consigo
Se entregar não é comigo
Me travo, nem tento
Sou duro e mudo, nem lamento

O amor secou na luz de um ano desses qualquer
Cato os cacos, retomo os trapos, junto farrapos
Me abrigo em meus braços
E choro a beça nos versos

Nos assuntos, desconverso
O mundo mostra seu lado obscuro, tão perverso
O lado lá de dentro que não vemos no espelho, que se revela o amor
O lado branco gelado, o lado sem calor

Amar é só beleza, é só o perfume de promessas
Que não se realizam
Que ficam... pelas ruas, pelas estradas
Caminhos em que nos perdemos

O amor é uma mentira
Na qual nos entretemos
Ele quer cegueira e um grande abismo
Para que nessa dor que é demais, nós nos matemos

Acho que sempre será assim
Montechios e Capuletos virão
E não só eles, mas todos nós, enfrentaremos
Face a face, com o sangue amargo na boca

A realidade de um olhar, que sem palavras diz adeus
A crueldade de numa infinita dor nos despedaçar
As mulheres estão erradas...
Homens também sofrem, e por dentro também são destruídos

Nunca assumirão ou demonstrarão
Mas aqui dentro há a dor
E eu sinto que de mordida em mordida, cada dia
Quando cada severa lágrima brotar

Pra cada uma delas
Virá um dia de minha vida
Que será novo em ilusões
Que serão dias clareando os segredos das paixões

De amanhecer te amando em silêncio
De esperar o dia correr no seu tempo
De saber que de nada adianta tentar entender
Essa dor, esse amor... é tudo por ti, em vão, só pavor

07/08/08

05/08/08

Tempo foi
Tempo de depois
Tempo de relento
Do que pensa, sente e tenta
Do que me lembra sua mente
Em frente de ser ou estar
De tentar, ou errar ou mantêr

Vida forte, de dor e de muita cor pra esquecer, pra disfarçar
Só pensar não é tentar
Só tentar não é valer
Só valer não é gozar
Só gozar não é amar
Só amar não é entender
E sem entender o outro
Não iremos a algum lugar

Cansei de um mundo
Que hoje vou enterrar
Junto com poesias e doses de amor
Que não serviram pra ninguém
Como uma festa sem música
Como um amor compulsório
Como dormir sem notícias suas
Como não poder explicar o universo
Como querer ir pra Lua

Mas hoje deixo:
Tudo passar
Mundo passar
Lua passar

É só o mesmo
O mesmo olhar que já tivemos
Que sempre teremos
Olhar de olhar o tempo
Onde estaremos?
Onde viveremos?
Onde pediremos?
Onde teremos?
Onde Seremos?
Seremos plantas que colheremos
A sós, sem voz
Por nós, sem nós
Será como um dia escrevendo
Será um dia a mais
Querendo saber do tempo
E de onde estás
Onde andarás?
Onde é esse seu lugar
Que não quer me deixar entrar

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Tiê-Sangue

(Tiê)
Tiê pousou...
Pequeno passarinho
Percebeu que era feliz ali na sua mata
Toda cheia de luz
E para nunca mais quis abandonar o seu ninho
Cantou e cantou o seu assovio bom

(Penas)
De carícias macias que faziam o sol e o silêncio da mata
Suas penas de vermelhas já queriam amar as rosas que ali nasciam
Eram pequenas meninas flores

O Tiê se enconlheu, encheu o peito de ar
Que trazia o cheiro perfumado do amor do orvalho com a terra
Cheiro... que dura pouco

(Orvalho)
Que dificíl é segurar esse menino orvalho
Que tem mesmo seu amor é pela negrinha manhã
E que se despede do amor que lhe dá a terra porque...

(Sol)
Teria ele, com o sol, trocado juras de morte. Inimigos mortais.
Pois em grandeza de semi-deus sabe ele
Que ama só e num desejo platônico inalcançavel...

(Terra)
A inconformada e inconsolavel terra, que no findar da madrugada
Se entrega cega ao inebriante sabor injusto da sedução
Com o qual lhe resta se contentar

Porque sabe que o orvalho por ela nutre
Efêmero desejo. Desejo desnecessário
Que nunca, nem ao menos um só dia inteiro terá ela em companhia de seu amado...

Fugitivo amante.
Lhe resta triste se contentar com a atenção de seu pretendente solar
Que fiel e alaranjado em esperanças tenta todos os dias sempre pontualmente

Conquista-la com abraços calorosos. Mas que se derramar no cair da tarde
Aquele estranho amor que é sem querer ser. Amor estepe e sem sabor. É, sendo infeliz.
Termina frio de um loiro opaco o desabor desse amor emprestado

À terra resta amargar sua eterna espera
Por quem, aquele pouco amor e nenhum valor lhe dá
Pois incontrolavel mais que tudo é esse orvalho. Que ama, usa e joga fora

Conquistador, mas que no fundo, mas que no fundo sofre igual por amor
Porque acha infinita a beleza da princesa que é a manhã
Ele se acaba tentando alcança-la e entender porque ela foge...

Deixando secar nos lábios da terra em disperdício
Os beijos doces e o amor, que ele, por ela sem razão
Em vão, febril e inocentemente... tem.

O Tiê, que na sua luz e na sua leveza
Como um poeta, tudo ouve, adora e vê
De tudo ri e se encanta

E mais e mais o Tiê canta
Com ou sem amor pra dar, ele voará
Até o infinito...

Até o amor, que nessa manhã, ele encontrará




Teo Petri 3/7/8

terça-feira, 1 de julho de 2008

Vento e filhos

Por que venta?
Assovio da manhã
Será vento novo? Tenebroso?
Será ele vento de sertão?

Para o meu espanto, falando esperanto
Sem imaginar o que e a medida do quanto
Em maior encanto e enquanto caminho
Para o meu canto vou me levando

Conquanto não santo me sinto
Nem pranto me destino
Só ao frio em desatino
Só em fronte de ser menino

Sonhando que amando uma deusa toda menina
Saberia fazer dela minha. Apenas sonharia
Segue mais seco o frio
Segue o dia em um esverdeado tom vazio

Mas na vida amo e rio
Nos meus olhos
Os seus
Me desconcentrando

Ainda que me gele em vendaval petrificante
Virá novo carnaval descongelante
Virá casa nova
Com os meus e os seus filhos e com nossas fotos nas estantes

quarta-feira, 18 de junho de 2008

enquanto isso na sala...

São dois escritores,jovens na mesa de café da manhã da lanchonete da esquina. Eles entram, sentam-se, debatem e apresentam os textos. Ambos criticam.E por vezes produzem um terceiro texto. Dialético. Talvez poético. São movidos de bom-humor, inteligência, sagacidade, agilidade, falas de insanidade... ...!

...enquanto isso.


Às 4:10 da manhã de domingo, o frio congela a parte de fora de todos cabarés que ainda resistem às temperaturas congelantes do inverno russo. Em seus interiores a música leva a uma espécie de estado hipnótico. No outro lado do mundo faz calor e um brasileiro se fode em cada esquina. E outros que sorriem com dentes de podridão. Televisão e desespero. Os jornais não trazem novidades. São repetições e...
A música já é parte de algo maior. Quando conecta as almas.
Porque sempre haverá o que se falar. Mas é preciso escutar.
A música.
À música.

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Passos

Todas as caixas estão desligadas
É madrugada, e ouço o passo calmo dos carros lá longe
Não dá pra acreditar que haja tanta pressa
O pior já aconteceu
As belas musas também se sentem péssimas às vezes
(set 07)

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Má-Fé

Borboletas de semi-repouso
Favelas cubistas
Que tanto brilham aos artistas
Faroestes Neo-nazistas
Violeta Matrix das sambistas

Eu te perco no profundo do amor e da preguiça
Antropofágico sabor da Tropicália
A MTV das migalhas. E da fé.
Becos, não nuvens

Ecológicos verdes Dólares
São dentes onde não há navalha
Que não são plantas, que não são índios
Mas num underground dos trópicos
Sacodem todo preconceito de cor e de classe

Decolo para o voô numa singela vista
O equivoco desigual da realidade que não está na revista
Minha Vênus é Iemanjá num colorido de capoeira
Filho do Rio, subo ao palco imerso na maré
Me desligo, me enveneno

Mundo complexo, multi-impressionante
Que dói, que rasga
Me distraio o olhar...
E fui arremessado
Onde fui parar?

O futuro é a porta do meu quarto

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Ondas

Mesmo o meio-dia não lhe parou a idéia
Cansado, com tênis sujos e rasgados
Escalando as sombras do bairro
Chão e pé. Pés e Belisco. Sola

Colorir sempre teve um gosto de luz
Gosto-broto. Que brota, que não se contém
Que se tem e retém
Elas não podem esperar

Sinta que o vento sopra e o sol queima a pele
No que brota do mar esse gosto em um vácuo de oxigênio
Começa o mar
Tchááá...

Sol amarelo da civilização

Estamos há milhas e a muitos anos luz distantes da "civilização"
Os pés... descalços... felizes na leveza do ar que lhes proporciono
Estamos atrás do que virá amanhã
Hoje o mundo pirou.
A vida é oprimida no ocidente
De olho nas revoluções das páginas dos livros

Buscando beleza no olhar dos antigos anti-heróis
É sabendo que nosso destino é a realidade
O que pode provocar uma profunda ilusão
E tanto quanto uma desilusão às futuras crianças
Dádiva
Povos do mundo, miscigenais-vos!

Pense

NEM TUDO SE ESCREVE
ALGO APENAS PENSA-SE

(06/06/2006)

Viver como Bob Marley

Viver como Bob Marley
Escrever a noite no escuro
Acordar
E ver que usou um lápis branco

Só cérebro
Se lembrar, lembrou
Senão, quem sabe?
Nada a acrescentar...

A revolução não é una
São lagartos saindo das bocas das pessoas
Ou como fazem poucos
Viver a vida como Bob Marley!

Se puder...
Se.
Em direção à luz do dia
Encerrar uma discussão com uma música
Isso é passar a vida como Bob Marley!

É só ir e viver
Cada um tem sua música
Cada um tem seu refrão
Não um, mas vários

Tudo passa quando se ouve a marcha das formigas
É como quando
Coisas pequenas tem mais valor
Ou você pode escolher viver comendo ração

Não, não como Bob Marley!

(06/06/2006)

domingo, 1 de junho de 2008

Tempos (27/05/08)

Tempos de ser menino
Vivo sabor em bocas frescas
Sussuro em cada lágrima cristalina
Pensamentos azuis de amar uma menina

Em queda livre pelos erros da vida
Cores de tintas nas camisas
No rosto de múltiplas etnias
Frio na espinha, noites em florestas surreais

Em barcos, metrôs, no chão, na roda, no avião
Vou pela dança nessa vida para qualquer lugar no futuro adiante
Por guerras ou em camas de hospitais
Feitas de areia

Não há impossível
O que há são esquinas desertas
Escolhas diárias para um mesmo destino
Seguirá voando esse menino-passarinho

sábado, 31 de maio de 2008

Imperfeito

Olhos, lindos olhos
Sujos de sono
De sujas noites,por sujas amigas
Sujos abrigos, sujas matizes

O som que vem da sua boca suja, da sua língua
Da sua pequena maneira de ser deusa
Da sua vontade de ser abraçada
E de ser todas as estrelas do universo

Vontade de ser má e de ter vaidade
Vontade de ver fumaça e de ver claridade
De ser escrava e dona da cidade

E seu umbigo imperfeito
É perfeito
É perfeito...

Exílio

Quando penso em você
Só penso em loira
Em lábios
Em luz

Em sorriso lindo
Em seu olhar colorido
Em seu redor
Em meu delírio

Em seu calor
Em meu exílio
E no sabor do seu pescoço
Meu vício

Em sua viva linda cor
Eu caio
Eu piso
Na sua chance de dor

Te levo, corro o risco
Abre a boca e beija
Que meu beijo é seu
Saiba disso
(04/2007)

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Maioridade - Cazuza

Maioridade

Agora eu sei quanto cresci
Já acredito no meu caminho
Se até agora tô vivo
É que deve ser verdade

Vejo a cidade da minha janela
Debruçado nos meus erros
Extravagantes e comuns

Me guio sem razão
À casa de um homem
Ao coração de uma mulher
Mas meu amor não é ficção
Agora eu sei,nem contramão

Agora eu sei
Que cresci
Junto com os meus pecados
E aprendi como eles são engraçados

Eu já vivi de tudo um pouco
Mas tô esperando um truque novo
Que me largue caindo
Do alto de um abismo

O tempo vai dizer
Se o que espero me interessa
Seu eu levo a vida
Ou se é ela que me leva

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Eu Acho

Maldito seja o tempo
Que não se conjuga no feminino
Que era pra eu domina-lo
Maldito do maculino que é o tempo macho

Que é um Deus perdido
Sem razão de existir, existe
Que não precisa de nós para temê-lo e ama-lo
Eu acho...!

Soneto de Aniversário - Vinícus de Moraes

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossigo ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos

Faça a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a tempora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é esse amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Lógico

Amigos vos digo
O mundo está por se acabar
A dança de que não mais preciso
O dinheiro e o CO2 vão ser engolidos

Os dinossauros terão companhia
O paraíso volta a ser o velho convento das bruxas
A bossa nova e o punk rock se amam de última hora
Cada caixa de cérebros na Terra terá uma última visão

Ah que preguiça...
Deixem-me ser o pouco de Macunaíma que tenho em mim
Só não quero olhares assustados, da grande putaria que chamam Brasil
Mais um carnaval de lama

Cada vez mais apaixonado pela vida, cada vez mais cético
Cada vez mais pobre... onde outros diriam nobre
Perdê-la não foi metade dos problemas que tive
Amigos vos digo

Mulheres vão e vem
Planetas vão e vem
O que valhe ter um, o outro ou ambos
Se mais lindo que tudo é sofrer e chorar por amor

sábado, 10 de maio de 2008

Amanhã

Já dormes
Já vives pura num sonho qualquer
Vives num desejo novo todo frescor
Vais acabar num dia que julgas inatingível

Entre as paredes de uma cidade que não se desmacha da história
Entre dois dias de um tempo passado de em mim ter se jogado
Agora acordo em meio a noite pensando
O que faremos com os longos 7 anos de tempo a se preencher

Eu os vivi, eu os entreguei, eu os borrei, eu amei
Um tanto viajei, um tanto morri
Enquanto você... estava em um lugar que não aqui
Não este mundo não neste tempo...

Carga de textos e letras que trocamos
Técnologia que nos uniu em diferentes planos
Sua adolescência que eu lhe furto em beijos de encantos
Minha injusta experiência, proibida e que vivo disfarçando

Em um dia tudo mudou, de desconhecida a nova vida
De um branco brasileiro que vive entre praias que nunca se acabam
Uma pequena flor ainda desperdiçando seu nascimento
Cheia de flores no cabelo, um corpo cheio de sonhos e uma gama de conchas do mar pra lhe enfeitar

Os dias são momentos que, juro, nunca pude imaginar
Que não pretendi vivenciar
Que não esperava me entregar, pra alguem tão menina em suas escolhas
Mas tão linda em suas desatenções

Foi o que me despertou mais fascínio
Me perdendo por essa trilha sem volta
Como um inocente menino
Que não quer voltar e por isso teima em se deixar machucar

Que sabe que só assim se pode achar o sabor da vida
Que a menina que agora ele espera é um presentinho que ele não sabia desejar
Vai achando que ela é só parte de uma nuvem num todo de um céu
Mas por isso mesmo vai embora num navio sem volta

Numa série de erros já conhecidos
Como postar um poema sem ser lido
Como confiar demais no próprio umbigo
Sem nunca voltar, sem nunca se preocupar, sem nunca apagar

Sem nunca mencionar qualquer amor já vivido

sexta-feira, 9 de maio de 2008

ba(ta)ta (para a batata)

Do(ente)ce sabor
A(mar)go mar
Go(zo)mo bom
Fr(ase)uta leve
P(ão)enso abstrato
Vo(lta)gal diária
Pe(lado)rdido natural
Mu(sica)lher toda
Mo(ver)da tempo
Qu(inze)ente você
An(os)dar deixar
Pe(rceber)gar talvez
L(ivrar)amber muito
Que(brar)rer lhe

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Equipe Kamikaze

Durante toda a gincana não existe uma figura tão importante para nossa equipe como nosso mascote, o Papa Léguas, escolhido por ser uma figura alegre, esperta, com uma alma infantil, disposta a brincar e a acima de tudo não deixar que nunca fiquemos desanimados e desesperançosos.
É com muita alegria que podemos dizer que essa figura nunca irá nos abandonar, independente de quem a encarne, de quem de vida a aquele que da vida a nossa equipe. Agradecemos eternamente a você que durante todo esse tempo já desceu dos mais diversos aviões.
Já pulou, já brincou, já dançou, já riu, já gritou e já rasgou biombos, e este ano permaneceu todas 24 horas dessa loucura que é a história da Equipe Kamikaze.
Toda garra, toda força de cada um de nós está em seus movimentos, em cada um de seus momentos. Ele nos guiou por todos caminhos, nos inspirou e vai nos levar cada vez mais alto e mais longe. No sonho de cada jovem kamikaze, de cada turista que nos vê como loucos por essas ruas de pedras, pelas madrugadas desertas, na chuva, no sol, estamos sempre como os verdadeiros suicídas kamikazes...
Que até o último segundo mantém em vista seu desejo, que busca a vitória custe o que custar. Com imperfeições dignas de aprendizes, que a cada 24 horas de um dia único como esse nos tornamos irmãos, aprendemos a ser paratyenses como outros nunca serão. Pois não há como viver dias como vivemos,sem não nos tornar diferentes e especiais. Uma equipe monstruosa como um enxame amarelo, que estará sempre flutuando pelas pedras e sem dúvida, sempre e cada vez mais amando estar aqui, ser de Paraty, e de uma forma única, extrema, feliz e delirante: SER KAMIKAZE!!!

Teo/Fernando

Meu agradecimento especial a cada pessoa que integrou essa família desde nossas primeiras gincanas ao longo de todos esses anos. Cada um de você é especial. Obrigado.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Pavor Antártico (para o amanhecer em ipanema)

Vasto novo céu de mais um dia
Penso na Antártida
Branca... Vazia...
Inteiro continente de gelo

Mas meu pavor
É pela sua ginga seu samba
Seus olhos de mulher
Seu cheiro e o cio de seus cabelos

Como o vôo da abelha para o mel
Eu vivo por sua voz em seus orgasmos
O suor entre nós
Mas não me explique que tens um novo vício

Te vejo em novos bares perdidos
Em derrotas
És a magra e bela filha do disperdício
No calmo silêncio poético de Paraty ainda estarei

Em busca de manhãs sintéticas
Que me respondam o que você foi
Uma valsa de olhos fechados
Gravidade e peso enamorados

Velório de olhos velados
Uma menina um menino sufocados
O ditador e a rabelde apaixonados
A adrenalida na boca do viciado

Me escute
Desta vida é meu último recado
Das dores a pior
A de não ser lembrado

Dos amores
O maior
E pelo qual
Ter me matado

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Para Sereia

Queria ser um músico para te dedicar melodias apaixonadas
Ou um escritor consagrado para te homenagear com livros de amor
Quem sabe um ator ou dançarino para te encantar simplesmente
Se pudesse seria um anjo belo e perfeito e estaria em você em seus sonhos

Se pudesse queria ser o seu novo amigo, sua nova vizinha, seria seu travesseiro
Quem sabe uma roupa que você goste muito pra ter o seu cheiro, beijar seu ombro
Ou um garoto bobo qualquer, desses que se conhece num fim de noite no último dia de carnaval
Queria ser seu, pra te dar aos goles meus beijos e sugar seus olhares no escuro

Fina Flor (para Jerilee)

Pele clara cor da brancura da manhã
Fingindo-se tímida, pequena e singela
Rosa, roxa, vermelha fina flor
Um jeito único uma coisa que é tão dela

Revoada de sorrisos entre nós
Na cidade tão fria
Onde guardei a noite e dormi de dia
Onde te achei entre tantos cinzas de alquimia

Confissões de menino e menina
Dois pássaros de mundos diferentes
Você aprendendo a me entender na rotina
E eu suas fórmulas inteligentes

Ele...
Ela...
Alturas de São Paulo
E o chão de mar do Rio


Oposta beleza
Banho de calor
Brisa no frio
Curiosidade estranha que atrai

Eles brigaram
Riram
Se entenderam
Se dividiram

Hoje vivem essas crianças
Cada uma sob o sol de suas cidades
Com seus amigos e amores
Dividem ainda o querer bem

O querer infinito de uma amizade
Dois aprendizes de um mundo sem piedade
Nosso tempo foi pequeno
Foi brevidade

Mas meus amigos levo para a eternidade
De mãos dadas por tanta felicidade
Não havendo mais espaço
Para essa saudade

domingo, 27 de abril de 2008

The Good_The Bad_The Ugly

Pain for Van Gogh and his ears
Paint for William Sheakspeare and his pencil
No ending horizonts to James Dean's roads
A peacefull room to Allan Poe's rest
Collorfull flowers in Luther King's graveyard
Furious vulcans in Adolf Hitller's hell
An island for Titanic
Water for Troy's Horse
The pray of a Kamikaze's last day
Honest and pure love to old Prostitutes
The rich capitalism to Gandhi
The flavor of a Amazonical Rain
Eletrified Boys dieing in old world's dance floor's
The Christmas in Haiti and it's empty childs hand's
A quiet Baby Sitter suicide in a frozzen lake
All this is what I fell eating light
Cause I love more than I hate you

Walk Side (para Olivia)

I wanna flote above your eyes
To penetrate you by your blood
Wanna be a send in your hair
A black spot in your white face

Say my name say that you wanna...
Be addicted in my libs
Just like I'am in yours
Drink me...
Like a child drinks his chocolat

Fairy you are the waves
So I'm the ocean
I don´t have a "happy end" plan for us
But believe I'm in my way home desperede
To talk to you

Waiting to see you spelling me your strange wishes
I'm on my basement sleeping with you
In the dark side of my day
In the adorable part of the love I would say

Wake For Me (para Olivia)

In a empty moment
I was
My life give me another spin on the clock
She can´t see my world cause
The issues for we both is a real ocean
That´s not a excusse
What is art for me for her it is not

Two different life styles
Measureds in kilometer and in miles
I really don´t care if you'll not gonna be my wife
Be my best friend
Be my mirror
Be my error
Be my mortal mistake
Be my penguine scapee
Be a language that nobody speaks

Be my american virus
And I'll be your brazilian desire
I'll keep your m's in my mouth
Like a piercing fancy and cute
Just like a pink star
That shines for me overseas
In the misterious north hemisferious

Briliant like a guava
Sweet like a pearl
What kind of crazy people we are
Who talks about of missing umbrelas
For me it's just the beggining
Of a impossible love
A blind history for two young kids
In the same cruel globe across the universe

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Bed In Bad Out

Don´t blame the shame
The gray field is your last view
Pray for the dirty religion of yours
Try to get in a better place

Cause the rats will drink your spirit
Like a baby dropped on the floor
Like the feeling of being forgotten
You'll never do it again

Sorry for the trouble
But I have to dial the magic number
And listen to woman calling me in the deathbed
Oh... I lost my mind again

Cinza

Preciso me concentrar
Mas minha mão trêmula...
Preciso me aliviar
Minha visão tênue

Tenho que me segurar vivo, minha chance de me acabar
Me escute antes que a vida me chute
Antes que uma nuvem mude
Ainda sou uma criança...

Que mentira sou um bandido da minha própria imagem
Sou um doente esquecido num quarto de mofos e destroços
Não sou arte
Não sou paisagem

Preciso de um alívio, um amigo...
Sou um velho sem dinheiro
Que todos desprezam pois não entendem
Que todos riem pois são maus com seus segredos

Quem é podre fede de longe
Eu te vejo com meus olhos amarelos secos
Só quero me comprimir até a morte
Com medo do mundo que só me ensinou a não saber viver

Te odeio mundo dos humanos
Te amaldiçoo porque fui um infeliz
Passei frio
E aos seus belos filhos você deu o Sol nos verões

A mim...
O desespero de morar num cemitério de emoções
Sou um pouco de cada desgraçado
Que traz à lua o lado feio das mentiras

Me deixem apodrecer vivo de olhos abertos
Pois a arte me irrita
A poesia me da falta de paz
Eu só queria colorir a vida

Mas vou voltar ao pó
Como o pó deve ser
Um preto nublado de um branco que nada contém
Que é a cor de quem não existe mais

A Lava & A Neve

Quando se sabe
Do inevitável azar
Em pedaços se descontrói
Minha nova vida

Murchou como uma flor
Mas o amor não se paga
Você ama o amor e o amor te lava
Leve como neve te lava como lava

Me leve
Me pegue
O futuro cuidará de nós

Seríamos reticências
Seríamos até uma nota muda
Como seres humanos imortais

O tempo nos escutando detrás das portas
O chão se levantou de vez

E você está morta
Me explique

A paz

terça-feira, 22 de abril de 2008

Pairando No Ar (num dia de terremoto)

Não há momento
O dia que passa é em forma de silêncio
A vida e o tempo
seguindo seus rumos é o que fere

Não é uma questão de desejo ou nostalgia
São caminhos e descaminhos
que completam o que sou

A moça de ontem não se levanta
Depois do amor na grama
Desfez-se do sopro de vida
E me deixou só

Para em desespero nas boas lembranças
Me lembrar em voz, em choro baixinho
Do último olhar da minha vida

As coisas estão paradas
Mas tudo morrendo
De certa forma
Inexplicável e bonita
Porque infinita

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Casca

Pérola
Krishna
Somero
Cosmopolitan

Goiaba
Hare
Saluton
Sun-Set

O idioma não diz o que o som canta
A palavra se completa com o fonema
Línguas não dizem nada sem as bocas
Uma poesia pode ser grande ainda que vazia

Narcotic Booty

Blondy lady
Sweet eye's
Red faces
Strip'n Strike

Caminho

Que em silêncio
Que em um Domingo
Que da mesma forma
Que o tempo nasça

Que morreria
Que eu voltaria
Que eu beberia
Que o que for que quisesse

Que nem fogo e nem calor
Que você derretesse
Que por mim morresse
Que eu não possa assim dizer-te

Que caminho será este
Que te espero ali na frente
Que em cima da ponte a gente tente
Que dali nada mais ninguém sente

Que é o amor que já veio de repente
Que o beijo é um fim e um fim da angústia da mente

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Aos Demônios do Mundo e a Você

Se de alguma forma pudesse me ver, Nelson numa peça escreveria:

"Com passos lentos e cansado trancou a porta. Deitou-se em sua cama e com o olhar triste tirou as botas. E procurou dentro de si a explicação para o sentimento vazio que ele agora entendia que tinha pelas pessoas. E acima de tudo, por si mesmo, por ter errado.
E em em razão disso ter destruído tudo que havia de alegria e de verdadeiro em sua vida."

De alguma outra forma pudesse ser Vinicíus num poema, de tantos :

"Calado do amor que me destrói
Procuro a dor
Virei dormir em profunda adimiração
Pelo sentimento que perdi

Não mais penso, só me fecho
Hei de amargar em solidão
Perdido, eu e não a vida
Perdida, a cor de seus olhos imortais

Na eternidade como um menino chorarei
Sabendo pouco e insuficientemente, da forma que te amei."

Mas não menos belo seria se fosse Cazuza no alto cantando:

"Sou covarde, sou meretriz. No meu canto vejo arte, o que te falta é ser atriz
Se me entrego eu não me nego. Não sou chiclete que se cuspa
Quero sua saliva e que me engula
Sem dor não se vive baby, mas amar mesmo é pra poucos
Só por diversão é com uns e outros."

Mas nenhum deles e nem ninguém vai ver
Eu no meu quarto
Escrevendo
Pensando em gênios do mundo
Os grandes demônios da poesia

Ardendo em febre por você
Não és Virgínia, a do Negro de Nelson
Nem a Garota, a de Ipanema de Vinícius
Não és também Bete, a do Balanço de Cazuza

Mas és tão magestosa quanto todas elas
E contrariando as leis da física seremos dois corpos ocupando um mesmo espaço
Serás minha fêmea quando serei seu macho... (diria o pornográfico)
Serás dos meus olhos o olhar e do teu cabelo serei seu cacho... (diria o saravá)
Serás meu azul codinome e serei seu amarelo beija-flor... (diria o exagerado)

Serei eu o amor



Teo / Fe

Hálito de Banana (2007)

Na medida em que me levantava da cama
E ainda sentia seu hálito de banana
Percorria com os olhos seus cabelos compridos
O proletário Sol ainda se fazia frio
Minhas pernas pediam o doce café que já eu escutava sua doce mãe passar na cozinha...
Aquela mãe gorda... aquela mãe gorda, gostosa de abraçar.
Aquela gorda que eu também amava.Muito. Como se fosse minha magra mãe , que me fazia um Amargo café.

A água fria que jogo na cara me diz: ande logo rapaz, já é hora, corra... corra ...
Foi o tempo de eu te olhar mais uma vez.
Da sala bebo num gole o café, te olhando fixamente pela porta do quarto entreaberta
É a visão que eu queria ter para o resto do dia.
Na boca o gosto de café me diz: corra bobo rapaz, assim você fica pra trás; corra...
Meu tempo acabou.

Agora em pé espero o ônibus, emudecido pela apressada rotina , sabendo que é uma questão de Tempo, para que logo aquela bela visão..., logo logo no meio dessa fumaça, novamente, aquela Bela visão...
Morra.
Assim que meu ônibus chegar
Assim que sua nuvem de fumaça me disser: corra...

O Feio Preconceito (2007)

Imperfeito
Por um estreito desajeito
Um meio sem recheio
O veio do preconceito
A cara, a grana, vale o sujeito
Macho, branco, rico bate no peito
Preto, pobre, gay sobra de escanteio
Porque se coloca tanto freio?
Porque se divide o mundo ao meio?
De pensar nisso fico de saco cheio.
Em mudanças, não sei se creio.
Pois, dois pássaros na mão é um erro feio
Quero morar de onde você veio
Quero me livrar do seu e-mail
Quero você, sua bunda e seu seio.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Pra Sempre O Carnaval Acabou

Se a nossa geração não deu certo
Não deram certo a Beat e a Hippie
Não deu certo rezar
Também não vai dar certo recomeçar

Se isso te aterroriza eu fico e me sento com você no escuro
Se somos parte de uma raça humana perdida
As Guerras Mundiais e Ipanema vão entender se você chorar
Me amargo em meu espanto, quieto
Por sua espera pela Paz que só demora

Me aperto e não entendo, uma flor como você, sendo pisada, como pode
É o fim dos tempo em São Paulo, é a lírica de Caetano pelo ralo
Vivemos pouco nossas vidas, pois nossas vidas, amada, foram vendidas e escravizadas

Nunca desista, o fundo do mar no aguarda calmo e só
Até lá seguirei aos seus pés, pois te amar é a única maneira de me livrar
Da solidão que percebi que todos, um dia vamos deixar

segunda-feira, 31 de março de 2008

Do Lado de Dentro

Nem minhas palavras nem minhas letras
Vão fazer o seu querer me amar
Mas sua vida minha fada, quero amar
Seja imperfeita ou seja infeliz

Nesse dia que nem nasceu quero te pegar
Abraçar seu sono
Te deixar dormir
Tudo isso porque amo

E o amor nos deixa de uma forma sem explicação
É algo que me deixa fraco, mas me faz forte
Algo que me canto ao ouvido e me cala sem perigo
É te imaginar o dia inteiro vestida de noiva

É beber teu sorriso
É me derramar em seu umbigo
O amor é um abrigo
E é o amor um amigo

Mas ele também é inimigo, porque o amor mata e gosta disso
Essa lágrima gelada vai pra algum lugar
Vai parar em meu queixo

Ela vai secar. É o vento.
Mas quieto e por você, meu amor em forma de carinho, vai chamar

O Preto Moacir

O que vem de arte, vem e vem de Moacir
Vem do perfil do traço certo, da natureza do que é simples
Simples e genial como só a arte pode ser
do preto Moacir e sua cor das tintas
Sua cara feliz, que é mais feliz ainda em seu mundo de expressões
Assombrando de si mesmo
no espelho e na sombra da feiura que não mata o tímido Moacir
Você vive com o suor de seu rosto
"Naquele tempo de outros anos atras, tem vez que... Esqueci."
Tipo uma fumaça, tipo um garrancho
Se vê é verdade, porque ta vendo
ta vendo o Moacir

(insipirado no filme: Moacir - Arte Bruta)

Sem Teorias

Querer você é como querer a lua
Que me olha com amores todas as noites
No canto no escuro
Mas foge e se esconde

Me desespero com essa ausência
Você foi feita pra dominar meu mundo sem sentido
Sem explicações
Não me venha com teorias e respostas que não vou querer saber

A lua mais uma vez sumiu
Diz que só saiu
Mas como você é inalcançável
És a mulher escolhida para escolher a minha vida

Vou te mostrar que mesmo no lado escuro do mundo
Pode-se amar
Mesmo sendo deixado
E mesmo que ninguém te escolha

Beijo Sem Gosto

Eu me vejo, eu me beijo
Eu me quero, eu me desejo
eu me desboto, eu me protejo
é tão fácil te querer
mas não consigo te dizer
bela, eu quero viver dentro de você
quero que entenda que tudo é pra eu tomar você pra mim
como um poeta toma viciado sua overdose diária de versos sintéticos
em memórias de suicídios poéticos
nosso entardecer atômico, de onde ninguém vai levantar
o gosto de um gemido sinfônico, quando te fizer gozar
estou te esperando no futuro, num paraíso onde as plantas não morrem
te amo no silêncio do escuro, como um cego
que as cores dele fogem

sexta-feira, 28 de março de 2008

Dia e Noite (2004)

Dia
Noite
Dia após Dia
Noite após Noite

A cada Dia sem Noite
A Noite tem cara de Dia
Faz um Dia que eu não vejo a Noite
A cada três Noites eu vejo um Dia

A Noite é um não Dia
O Dia é o inverso da Noite
É a Noite quente
E a Noite é o Dia frio

A cada Noite é outro Dia
Para cada Dia tem uma Noite
É durante a Noite que acaba o Dia
Quando nasce o Dia não acabou a Noite

A maioria dos que chegam ao fim da Noite
Nem percebe que falta um Dia para outra Noite
Para quem vive de Dia falta mais Noite
Para quem vive a Noite falta ainda mais Noite

Noite e Dia após Dia após Noite
Dia após Dia
Noite após Noite
Dia..Noite

MAR/2004

Eu e o Mar (meu reflexo)

As coisas comigo não acontecem da forma convencional
Da forma que "deveria ser", ou que pelo menos seja o normal para os outros.
O que parece uma maldição pode se tornar uma benção e o que parece vitória pode vir a me decepcionar.
Os amigos são os melhores, mas tem tantas plantas mortas pela vida que fazem qualquer um perder o tesão.
As músicas, o Brasil e suas praias são alucinantes
Mas as vezes eu me vejo em um quarto fechado, sozinho, sentado e chorando.
Quando caminho fico querendo adivinhar as pessoas que vejo, quem elas querem ser.
Mas é uma tarefa tão entediante quanto jogar joguinhos de celular
Você só faz pra passar o tempo.
Eu não gosto de elogios, porque não sei reagir a eles. Peço apenas críticas ,coisa que só os verdadeiros amigos conseguem nos dar.
A beleza é uma ilusão tanto quanto é uma convenção, um ponto comum na relatividade de Eistein, e é tão livre quanto imposta.
O significado de fé e religião eu ainda não consegui entender ,pois a maioria delas são um grupo de caras fodendo outro grupo de caras ,uns tem ouro outros petróleo e assim ficam esvaziando mentes séculos afora e querendo que os outros sejam ridículos e limitados como eles foram a vida toda.
Eu só espero ter ainda muitos anos para andar descalço em Paraty, e para ver como lá o tempo passa de uma outra forma.Para ver o mar subir... pesar
e descer.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Para Flora

O amor é sempre de todos
O amor é sempre de vários
O amor é sempre de uns com outros
O nosso amor está em cada parte
De um todo de amores em partes.
E um irmão é uma parte
E uma irmã a outra parte.
Que, de dois, tem um amor.
Um amor em duas partes
São duas faces
Que de um amor fazem parte.

terça-feira, 25 de março de 2008

Um Barco Sem Vento

Amor, sei que já não pensa em mim
Sinto isso apesar de tanta distância
Sinto isso no ar pesado que me envolve
Sinto isso na tensão dos seus dedos quando lembra que me esqueceu sozinho
Nesse momento sei da certeza de não te querer
Porque não quero alguém que não me quer
Mesmo que fique mais uma parte de mim
Espero pra te ver quando estiver perto
Nas suas ruas , na sua praia, por enquanto, espero
A beleza dos teus olhos me mata
Minha pequena, tantos dias sem notícias
Um sábado passando escondidinho atrás de um céu cinza de você me esquecer
Minhas esperanças indo embora , vai pra sempre?
Escrevo para não morrer sem remar porque um barco sem vento vai a deriva para o redemoinho dos deuses... ó deusas do amor cego
Pois só faço te esperar
O mundo é muito lindo e muito lindo é o sol se pondo na linha do horizonte
Não quero beleza se meu corpo ficou vazio do seu

Pequenos Mundos

Só queria te dizer pequenas palavras
Palavras que preenchessem sua boca no café da manhã
Que você guardasse pelo dia nas ruas da rotina
Palavras que trouxessem e levassem alguém
Numa dança pela madrugada de ruas descalças
No começo do desencontro
Pequenos desejos. Meus.
Pequenos mundos feitos de fogo
Pequenas vidas, tão pequenas quanto o tempo
Que de tão forte nos deixa longe

segunda-feira, 24 de março de 2008

Numa Galáxia

Sei amar, sei dançar e escrever
Entender a maravilha de estar apaixonado, entender que nado. Que nada.
Que nada é esse tão grande que você deixa em mim?
Seu corpo tão duro, desse rosto forte, desse seu jeito sujo de me querer, você é bela mas me suja.
Meu olho vai borrar sua maquiagem no último abraço
Uma das tantas despedidas,duas vidas despidas, tantas desperdiçadas idas
Não sei do mistério do universo, não sei se as almas realmente voltam a Terra
Não sei se terei outro corpo, outra chance de te procurar
Dançar é meu jeito de tentar te achar
Ontem meu irmão estava compondo em seu violão, eu estava ao lado ouvindo
A beleza inatingível que é a música de um apaixonado
A sujeira que deixa um coração que é roubado
A tristeza que flui de quem morre tentando alcançar uma ilha a nado
Existem milhares de línguas no mundo para dizer amor
Existem milhões de formas para se mostrar o puro amor
Existem músicas infinitas e poemas sagrados, existem luas e auroras
Mas nem meus amigos estão por aqui, nem o vento pra me empurrar
Aqui não há vida, só eu que nado nesse mar sem fim dos versos
A vida se estende
E vadia, você mente
Me tem ,não me larga, porque eu fiz de você minha mulher
Porque faz de mim um rei e porque comigo você é o que quer
É palavra quando quero a eterna escrita dos pequenos seres humanos
É o chão quando vou morrer de tanto dançar... isso é vida
É a fruta que eu amo morder.
É a princesa que eu vou comer, em letras, em melodias, dentro da nossa galáxia.

Pra Goa na Canoa

Na canoa, serenamente, vinda nesse flutuante
Pra Goa de canoa, só cabemos nós
Eu e você nessa boa, deitados, molhados
Me sufoco na sua voz
O sol já beija embriagado
A nuvem e a brisa, duas estrelas e um lago
Os pés entrando na água, bela canoa...
A velocidade se faz lenta
Madeira na água
Madeira e a água juntas fazem um som
És viva e luminosa minha fada
Sereia da minha existência
Amor se faz por merecimento
E por insistência
De olhar o mar que existe dentro e fora de um sonho
De me balançar com você nessa maré pra onde deus quiser