Esses meus olhos grandes
Fazem esse olhar duro, preso
A boca nesse sorriso forte, teso
Os dentes brancos... mas riem secos
Sou dor em peso
Vejo o lado sério do amor
Onde não há preço
Sinto um soco, não no rosto
Mas no peito
Me sinto estreito, sem jeito
Corro sem freio
O vazio é bruto e feio
Escrevo, despejo
No desterro do travesseiro
Há o frio, onde era calor o dia inteiro
É a outra metade que não veio
Não entendo, não aguento
Distendo...
E no clarear da minha vida...
Me prendo
É assim que aprendo
Não deixar ninguém, nem o vento
Se aproximar do meu sentimento
Senti...
E sofri, amar não consigo
Se entregar não é comigo
Me travo, nem tento
Sou duro e mudo, nem lamento
O amor secou na luz de um ano desses qualquer
Cato os cacos, retomo os trapos, junto farrapos
Me abrigo em meus braços
E choro a beça nos versos
Nos assuntos, desconverso
O mundo mostra seu lado obscuro, tão perverso
O lado lá de dentro que não vemos no espelho, que se revela o amor
O lado branco gelado, o lado sem calor
Amar é só beleza, é só o perfume de promessas
Que não se realizam
Que ficam... pelas ruas, pelas estradas
Caminhos em que nos perdemos
O amor é uma mentira
Na qual nos entretemos
Ele quer cegueira e um grande abismo
Para que nessa dor que é demais, nós nos matemos
Acho que sempre será assim
Montechios e Capuletos virão
E não só eles, mas todos nós, enfrentaremos
Face a face, com o sangue amargo na boca
A realidade de um olhar, que sem palavras diz adeus
A crueldade de numa infinita dor nos despedaçar
As mulheres estão erradas...
Homens também sofrem, e por dentro também são destruídos
Nunca assumirão ou demonstrarão
Mas aqui dentro há a dor
E eu sinto que de mordida em mordida, cada dia
Quando cada severa lágrima brotar
Pra cada uma delas
Virá um dia de minha vida
Que será novo em ilusões
Que serão dias clareando os segredos das paixões
De amanhecer te amando em silêncio
De esperar o dia correr no seu tempo
De saber que de nada adianta tentar entender
Essa dor, esse amor... é tudo por ti, em vão, só pavor
07/08/08
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