segunda-feira, 7 de julho de 2008

Tiê-Sangue

(Tiê)
Tiê pousou...
Pequeno passarinho
Percebeu que era feliz ali na sua mata
Toda cheia de luz
E para nunca mais quis abandonar o seu ninho
Cantou e cantou o seu assovio bom

(Penas)
De carícias macias que faziam o sol e o silêncio da mata
Suas penas de vermelhas já queriam amar as rosas que ali nasciam
Eram pequenas meninas flores

O Tiê se enconlheu, encheu o peito de ar
Que trazia o cheiro perfumado do amor do orvalho com a terra
Cheiro... que dura pouco

(Orvalho)
Que dificíl é segurar esse menino orvalho
Que tem mesmo seu amor é pela negrinha manhã
E que se despede do amor que lhe dá a terra porque...

(Sol)
Teria ele, com o sol, trocado juras de morte. Inimigos mortais.
Pois em grandeza de semi-deus sabe ele
Que ama só e num desejo platônico inalcançavel...

(Terra)
A inconformada e inconsolavel terra, que no findar da madrugada
Se entrega cega ao inebriante sabor injusto da sedução
Com o qual lhe resta se contentar

Porque sabe que o orvalho por ela nutre
Efêmero desejo. Desejo desnecessário
Que nunca, nem ao menos um só dia inteiro terá ela em companhia de seu amado...

Fugitivo amante.
Lhe resta triste se contentar com a atenção de seu pretendente solar
Que fiel e alaranjado em esperanças tenta todos os dias sempre pontualmente

Conquista-la com abraços calorosos. Mas que se derramar no cair da tarde
Aquele estranho amor que é sem querer ser. Amor estepe e sem sabor. É, sendo infeliz.
Termina frio de um loiro opaco o desabor desse amor emprestado

À terra resta amargar sua eterna espera
Por quem, aquele pouco amor e nenhum valor lhe dá
Pois incontrolavel mais que tudo é esse orvalho. Que ama, usa e joga fora

Conquistador, mas que no fundo, mas que no fundo sofre igual por amor
Porque acha infinita a beleza da princesa que é a manhã
Ele se acaba tentando alcança-la e entender porque ela foge...

Deixando secar nos lábios da terra em disperdício
Os beijos doces e o amor, que ele, por ela sem razão
Em vão, febril e inocentemente... tem.

O Tiê, que na sua luz e na sua leveza
Como um poeta, tudo ouve, adora e vê
De tudo ri e se encanta

E mais e mais o Tiê canta
Com ou sem amor pra dar, ele voará
Até o infinito...

Até o amor, que nessa manhã, ele encontrará




Teo Petri 3/7/8

terça-feira, 1 de julho de 2008

Vento e filhos

Por que venta?
Assovio da manhã
Será vento novo? Tenebroso?
Será ele vento de sertão?

Para o meu espanto, falando esperanto
Sem imaginar o que e a medida do quanto
Em maior encanto e enquanto caminho
Para o meu canto vou me levando

Conquanto não santo me sinto
Nem pranto me destino
Só ao frio em desatino
Só em fronte de ser menino

Sonhando que amando uma deusa toda menina
Saberia fazer dela minha. Apenas sonharia
Segue mais seco o frio
Segue o dia em um esverdeado tom vazio

Mas na vida amo e rio
Nos meus olhos
Os seus
Me desconcentrando

Ainda que me gele em vendaval petrificante
Virá novo carnaval descongelante
Virá casa nova
Com os meus e os seus filhos e com nossas fotos nas estantes