Fugitivos na mata
Bebem água que chove agora
Faca, bala, substantivo de arma
Casa, roupa, constituintes de horas
Brasileiros em um sócio-exílio
Tais os pobres na megalópole
Pulsam em vida no silêncio da fome
Buscaram os muros de um castelo que vende o que se consome
Mas não nesse março, não era mês pra isso
Não esperaram a lua fazer contorno
Algo como de um místico agouro
Deitam agora na mata que lhes guarda
Olham essa noite, suas luzes e o eterno cristo
Descansam suas almas e agarram suas chances
Podem morrer numa tocaia se pisarem na avenida
Sonam na espreita da morte, bandida
Ruma moça, garimpando ipanema, solstícia
Os segue nos entornos, e os mantém aflitos, afoitos
Não sabem se verão mais outro sol se pôr
Se virá ainda um novo amor, vida a frente
Se terão o poder de mudar o que são
Ou será que tudo que são, foi mudado
Quando eles já não tinham opção
Pois o Rio, essa formosa babel, catalisa amedrontamentos
Me salva só Cartola, cantando momentos
De um violão de lamentos
Que me deixa vadiar noite adentro, a me ensinar
Que pudor nenhum vai subtrair o meu viver
Mas é um grunhido, um sem-nome, supôr estar lá nesse momento
Num reality show muito mais que real, dentro da selva tropical
Em fuga, reclusos à tarde, embaixo da chuva
O plano errado, do mundo errado
Plantados numa árvore, prontos para entrarem em cena
Copacabana de cinema
Tuas bandas, teus blocos
Tuas bundas, teus poemas
Teus latino-americanos de sub-renda
Princesa, de um povo auri-verde
Do ouro, que é o que buscavam, antes da fuga maldita
E do verde, que é o que acharam
Floresta de braços abertos, bendita
Problemas conectos
Por uma cidade-dilema, ambígua
Trai e ama, famélicos e cyber-céticos
Contornos de paisagens, antiéticos
Favelas de duração etérea
Onde nada é para sempre
Lições de um poder canibal
Onde não vejo o bem e o mal
Onde me mudo
Meu mundo
Onde quase surto
Numa virgindade papal
Numa castidade puta, irreal
Meu quebra-cabeças natal
É demais desigual
Tem seus filhos na mata infernal
Um labirinto sem começo e fim, natural
Me diz o que fará deles?
Te observo, passional
(30/03/09)
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2 comentários:
profundo...
Lindo, Lindo de se ver, de se ler, de se ouvir....
me fez lembrar do meu trabalho... me fez imaginar roupas hehehehhe
adoro demais!!!!
beijos
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