sábado, 10 de outubro de 2009

A Soma dos Excluídos

No Rio que eu vivo
Eu vejo coisas que não entendo
No Rio do Rio mais real, que o Rio triunfal
Há o Rio do Rio que é podre, triste e mau

Há no Rio que descubro realidades que me doem
E matam o bem querer que há em mim
Há muito mais do que imaginas, se o Rio que lhe chega
É o das páginas das revistas, fantasiosa realidade, filha da puta e maldita

Rio, onde os trabalhadores merecem tiros
São pobres... e sonhadores de seus direitos, furtivos
Rio, que eu desejaria na minha mais maligna perversidade destruír
Seus políticos boçais e eternos, e policiais legitimados pelos infernos

Rio, preciso te dizer, Rio abaixo de meus pés
Seus filhos não se entendem, andam se matando, há uns poucos bons em fuga pelos bordéis
Capital mundial da putaria santificada, por igreja e mídia forçada, doem na cabeça sacrificada
Rio outrora belo, que enterres todo elogio nessa chorosa mágoa

Enquanto bater, chutar e forjar gostar de teus retíntos que se movem por trens
Vou querer fugir, e continuarei a odiar, os esquemas que tens
A beleza restrita a sua classe de auto-convícta nobreza, Rio, você acabou
Banal em violência e tragédias mórbidas, fique com seus zumbis errantes em inglórias

Que se atropelam, se desprezam, pequenas cabeças de merda pulsante
Não tolero nem mais um instante esse modo de vida, de achar desculpas para tudo
Arrogante, desejo-lhe um foda-se bem grande
A ti, e aos que não gostaram do que leram até o instante

Vivam pois, com suas sub-rações e pseudorezas, com suas ruas de lixo e de flores sem terras
Vivam boiando se sentindo numa quase paris.losangeles.lisboa.recife.londres
Que digo-lhe, não és, não tanges
Sei que não me expresso bem e que sou claro até demais, anseios duplos, os tais

Estudantes, governantes, intelectuais, artistas, pais de família, ignorantes marginais
Vou te buscar Rio, no mais profundo, tenso e sinistro, obscuro submundo
Onde dia após dia sua massa de heróis ruma, a sacodir, ao destino de trabalhar
Sem ver belezas, dinheiro, ou mínimo indício de orvalho

Abraçam-te Rio com os próprios braços
Não os de cimento, esse é gesto fácil
Mas com músculos que se esvaem ao tempo
Fibras do cansaço

Rio, não sei se você vai me entender
Mas o melhor de ti, está por se desvelar
Já existe, sufocado, quase morto sem ar
Afoga Rio, teus filhos imundos no teu mar

Afaga no peito, a soma
De teus excluídos
Que ruma obediente
E que insiste em te amar

09/10/09

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