quinta-feira, 24 de abril de 2008

Cinza

Preciso me concentrar
Mas minha mão trêmula...
Preciso me aliviar
Minha visão tênue

Tenho que me segurar vivo, minha chance de me acabar
Me escute antes que a vida me chute
Antes que uma nuvem mude
Ainda sou uma criança...

Que mentira sou um bandido da minha própria imagem
Sou um doente esquecido num quarto de mofos e destroços
Não sou arte
Não sou paisagem

Preciso de um alívio, um amigo...
Sou um velho sem dinheiro
Que todos desprezam pois não entendem
Que todos riem pois são maus com seus segredos

Quem é podre fede de longe
Eu te vejo com meus olhos amarelos secos
Só quero me comprimir até a morte
Com medo do mundo que só me ensinou a não saber viver

Te odeio mundo dos humanos
Te amaldiçoo porque fui um infeliz
Passei frio
E aos seus belos filhos você deu o Sol nos verões

A mim...
O desespero de morar num cemitério de emoções
Sou um pouco de cada desgraçado
Que traz à lua o lado feio das mentiras

Me deixem apodrecer vivo de olhos abertos
Pois a arte me irrita
A poesia me da falta de paz
Eu só queria colorir a vida

Mas vou voltar ao pó
Como o pó deve ser
Um preto nublado de um branco que nada contém
Que é a cor de quem não existe mais

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